segunda-feira, 4 de abril de 2011

Seja o que Deus quiser

Hoje é um dia daqueles em que minha alma se espreme, qual roupa lavada, molhada, torcida pra ir ao varal
É assim que me sinto
Uma sensação opressora de sei lá o que
Chego a sentir dormência no corpo
Sempre somatizando...
Medo da rua, medo dos afazeres por fazer
Medo da falta de controle da vida
A vida que me fugiu
Fugiu do meu controle
Que foge de mim com o passar dos anos
Sem conseguir fazer absolutamente nada do que está na agenda, sintonizei um canal de música, MPB
Tocou uma música com a Ângela Roro, "Simples Carinho"
A música me fez voltar a pensar em algo que dias atrás tentei em vão explicar a uma amiga:
Aos 47 anos, nenhuma experiência afetiva de sucesso
Sinto um vazio sossegado, que não dói, não sente falta, nem sobra, sereno, confortável
Minha amiga questionava como andava um novo romance que ameacei engrenar
Disse a ela que não decolara, que não sentia falta de romance neste momento
Ao que parece, a outra pessoa também
Tínhamos a mesma idade e outras prioridades (sem fechar a porta, é claro)
Que minha energia, ou falta dela, estava em organizar meu microcosmo, ínfimo e tão bagunçado
Arrumar armários, gavetas, livros, roupas, sapatos, ideias, pensamentos, emoções...
Romance é pouco ante a infinitude do ser, nesta e em todas as vidas
É divino quando o amor acontece, mas não é algo que agora eu queira procurar, como já fiz tantas vezes
Sigo vivendo
A vida é sabida e aprendi que romance "procurado" é dor de cabeça e se esvazia rápido
Quando acontecer, se acontecer, que seja dos grandes, tramado pelo acaso
Agora quero mesmo é o conforto dos meus pensamentos e muita serenidade, que como disse no início, ainda não tenho
Vivo num embate entre esse desconforto de alma e a paz que tanto almejo
Tenho a certeza absurda que algum dia a encontrarei, a paz

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Insuportável Derretimento do Ser

Meeeeeu Deeeeeeus !!
Que calor insuportável
Como passo mal no verão !
E dizer que quando criança, eu adorava
Essas coisas climáticas me preocupam desde sempre
Pela idade que tenho, quase 47 anos, já presenciei muitas transformações
Acho até que já falei por aqui :
Que os invernos não são mais tão frios, nem tão chuvosos e coisa e tal
Sou meio doida mesmo e assumo:
Fico pensando nas transformações que o planeta sofre e sofrerá
Talvez a palavra "sofrer" não seja a mais adequada
Embora seja usada para expressar vivência, me faz sentir triste
Creio que "vivencie" seja realmente a que melhor expressa o que penso e sinto
Pois bem, o planeta vivência transformações desde sempre
Faz parte dele desde que existe
Num determinado período surgimos nós, seres humanos
E construimos culturas diferenciadas conforme o local em que nos instalamos
Nessas culturas, belíssimos patrimônios da criatividade e sensibilidade humanas
Arquitetura, sinfonias, instrumentos de trabalho, a escrita, música, outras formas de arte ...
Não bastasse o que nós próprios construimos transformando a natureza, ela própria se fez bela, canyons, vales, praias, enseadas, fiordes, geleiras, florestas, a diversidade dos animais, inclusive o animal humano
Há tanta coisa bonita no mundo, tanta...
A maior parte, jamais conheceremos pessoalmente
Poucos têm esse privilégio
Mas o planeta continua seu pulsar
Suas entranhas fervendo, se movimentando
Nós o aquecendo, entupindo, desgastando, porque também fazemos coisas feias
Acredito que chegará um tempo em que tudo isso será tão profundamente transformado que culturas desaparecerão
A Terra engolirá países, cidades...
Sinais disso já começaram, como Tuvalu, pequeno e belo país da Oceania que está sendo invadido pela água do mar
Não sei se presenciarei a transformação radical
Não sei se é pra já ou se estamos recém no aquecimento
Ou se ficará para os que virão depois
E tudo é previsto, literalmente natural
Difícil é abrir mão do apego, saber que museus sumirão, cinematecas, prédios históricos..., toda parte boa da cultura humana
Como acredito em Deus e em vida após a morte,  devo pensar que há algo infinitamente melhor e mais bonito do que o meu queridíssimo planeta Terra.
Porque se a Terra é sublime e isso é ínfimo ante o que vem depois, nem consigo imaginar a magnitude dessa outra instância de vida
Deus é tão caprichoso, um verdadeiro virtuose, fez coisas deslumbrantes para durarem um instante cósmico
Como se fosse Joãozinho Trinta criando maravilhas, que nem resistirão até a quarta-feira de cinzas
O barato é curtir o desfile e agradecer o privilégio de tê-lo assistido
Acreditar que outro Carnaval virá, embora não se saiba qual será o próximo enredo
Cabe confiar no talento do artista criador, que certamente fará o máximo
Preciso evoluir muito até assimilar esses pensamentos
Não há dia em que não pense nisso
A finitude e o infinito ainda me preocupam...