sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Absurdus Patéticus (*)

Amar a humanidade é fácil.
Difícil é amar as pessoas uma a uma.
Há que se ter paciência de .
Em bloco elas são lindas.
Constroem maravilhas.
Compõem obras-primas.
Individualmente...mais difícil que aprender física em libras.

(*) Não é latim? Tanto se me dá! Azedei.

Sem título, sem palavras...

Quando estamos nos sentindo muito sós e as pessoas de quem gostamos estão se divertindo, deixam de nos gostar?
Nesse exato momento em que se divertem, anulam nossa existência, esquecem que existimos?
Maluco? Totalmente.
Que melancolia me bateu (ou abateu).
Na verdade, esse estado de espírito vem crescendo desde ontem a noite.
O monstro vem fermentando desde então.
Sexta-feira é tiro certeiro (abateu mesmo!)
Minha namorada vai à Feira do Livro em Porto Alegre.
Minha amiga Lu vai ao cinema em Brasília.
O mundo todo deve estar indo a algum lugar se divertir.
Serei a única a ficar em casa, me achando a mais ínfima das criaturas.
Normal?
Certamente não deve ser.
Não quero avaliar, só quero expelir, fazer minha catarse.
Que emoção é essa que me acompanha faz tanto tempo?
Essa tristeza absurda, essa solidão feito prisão perpétua.
Parece que minha alegria tem horas contadas e quando vem, me assiste sozinha:
Lendo, ouvindo música ou vendo algum filme.
Seja como for, é com algo que posso fazer só.
Ainda bem que existe música, literatura e cinema.
Senão, como poderia agüentar?
Desde que me lembro, sempre fui meio solitária.
Por outro lado, nunca fui arredia a conhecer gente.
Sempre gostei de estar com outras pessoas, mas elas tinham hora certa para chegar e partir.
As pessoas não se demoram comigo.
Todos têm uma vida para onde voltar.
Eu nunca volto, porque nunca saio da minha.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Astronauta Lírico

Sons sinuosos
tics, plics, tacs gostosos
Fechar os olhos e me entregar
Corpo percorrendo as curvas do som
Perseguir o ritmo por impulso
Alma pulsando no corpo que dança
Discursar em vocalises
Alegria melódica
Impossível parar de ser feliz nesse momento
"Eu astronauta lírico em teeeeerra" (*)

(*) Vitor Ramil

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Minha Família

Alegria triste - maresia
Resistência e teimosia - calor
Introspecção e criação - geada
Anonimato e coragem - exuberância
Folguedos e fúria - cores

Quem são meus parentes?
Moram no Tocantins ou no Pará
Quem são essas gentes, tão afeitas a mim e tão distantes ?
Moram em Sergipe ou Maranhão
Cantam outras palavras
Pensam outras cantigas
Falam outros gestos

Quero ouvir seus causos
Sintonizar sua poesia, pela pele, olhos e ouvidos
Ser uma só e ser mil
Fragmentos de caleidoscópio
Formar belas figuras
Mudar, mudar e mudar...

"Viajei" na "Estética do Frio"


Ontem fui ao show do Vitor Ramil e Marcos Suzano.
Que coisa bem boa!
Primeiro porque fazia milênios que eu não saía de casa para fazer esse tipo de coisa.
Segundo, porque valeu a pena.
Adoro o Vitor. Pode ser tolo, pretensioso, mas é como se me sentisse representada pelo que ele compõe.
Ele diz através da arte o que somos, sentimos e vivemos aqui no sul do país. Não sei bem porque, mas parece que não há muito espaço para a gente daqui se expressar culturalmente, enquanto uma face a mais do Brasil.
Sem paranóia, mas parece que somos a parte bizarra do "país tropical", como se o extremo sul do país fosse uma espécie de Islândia (fria e distante, meio ficcional). Enfim...
Não falo isso com sentimentos persecutórios, porque adoro ser brasileira, apesar de todos tropeços, solavancos, quedas e o que mais for.
Já disse em post anterior que adoro a diversidade brasileira.
Confesso que me irritam profundamente uns papos separatistas que quando em vez surgem por aqui.
A Revolução Farroupilha (separatista) teve sua importância no momento histórico em que aconteceu, mas o momento é outro.
Não quero ser de outro país. Quero continuar sendo brasileira e gaúcha.
Caso acontecesse tal separatismo, acho que passaria para o lado de lá do mapa, muito triste, mas passaria.
Bem, já divaguei, me perdi (como de costume), mas o queria queria mesmo era falar do CD de Vitor Ramil e Marcos Suzano. Estou ouvindo neste momento, aliás, vai furar. Desde ontem não paro de ouvir.
A participação do Marcos deu outra batida, que não tinha ouvido em músicas do Vitor. As composições de Vítor somaram profundidade à batida de marcos. Experiência legal.
Bacana essa combinação de músicos de lugares diferentes e identificados com seus lugares de origem. O que sai disso é muito peculiar e universal, bacana mesmo.
Buenas, encomendei pela internet o livro Estética do Frio, de Vitor. É algo que sempre pensei...o que nos diferencia do restante do país?
Depois de ler, comento aqui, com certeza devo viajar nessa leitura.

Viajei - Vitor Ramil (fragmentos)

Viajei
Ligado num segundo
No seguinte, desliguei
Do que eu ia dizer

Divaguei
Devagarinho, evoluindo
Num carinho teu
Perdido a me perder
...
Já não sei
Do tanto que eu diria
O quanto que me dispersei
Não quero nem pensar
...
Mar adentro, noite afora
Agora, amor
É hora de ficar
Nessa vida à toa
Sem sentido a proa

As ondas de carinho
Levaram as palavras
Mas eu sigo indo
As ondas são caminhos

Viajei, viajei
Viajei, Viajei

domingo, 21 de outubro de 2007

Relicário para Luna

"É uma índia com colar.
A tarde linda que não quer se por .
Dançam as ilhas sobre o mar.
Sua cartilha tem o A de que cor?
O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário
E ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou
O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário desse imenso amor"
Relicário - Nando Reis

É uma índia jovem, linda, forte
Muito forte, cheia de fibra e momentos de vacilo
De humana fragilidade
Sabe se fazer querer bem
Penso nela agora
Na cor morena
No rosto grande
No sorriso jovem e lindo
No perfume peculiar
No afeto antigo que nutrimos
Na fidelidade quase canina
Essa pequena grande índia abraça como urso
Ou seria como uma onça, para ser fiel a sua brasilidade?
Nesse abraço aprisiona o carinho da gente
Essa índia-mulher-menina
Essa menina-mulher-índia
Foi do Amazonas viver no Planalto Central
Fui dos pampas passear no planalto
E por lá nos encontramos anos atrás
Fui garimpar essa amiga
Que quero que permaneça por muito na minha vida
Nos desentendemos vez ou outra
Ambas somos ...difíceis
Será esse o termo?
Acho que estou sendo indulgente conosco
Somos mesmo bravas e turronas
Depois de anos, ela veio pela primeira vez a minha casa
Compartilhei minha família estranha
Minha vida maluca
Apresentei a ela minha amada
O tempo voou
Não pude mimá-la tanto quanto queria e ela merecia
Restou saudade e a certeza de que sem pessoas como ela
A vida fica sem graça, sem tempero
Lu querida, volte sempre e sempre.

Rascunhei esse post dia 15/10/07.
Duas coisas me fizeram publicá-lo agora:
- a conversa online que tive com Lu hoje pela manhã.
- a certeza de que amizades, como forma de amor que são, merecem ser vividas em paz, protegidas, alvo de todo zelo. Se possível, compartilhadas, qual "vírus do bem".
Viagens à parte, pela hora (24:10h), pelo sono, pelo estado de espírito, "Amizade Já !