quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cole, Desapontamentos e a Próxima Encarnação



Estou numa fase totalmente Cole Porter.
Neste exatíssimo momento, ouvindo o song book dele gravado por Ella Fitzgerald
Que maravilha!!!!!
O cenário:
O quarto numa bagunça de dar dó
Louças na pia
Mil coisas práticas para fazer e não quero nem saber
Vou me permitir ser aquariana da gema agorinha mesmo
F.... o mundo real, o meu é maior, melhor, mais bonito (e mais modesto) e a trilha sonora eu que faço
Neste momento em que as pessoas me pisam a bola, restam as maravilhas da humanidade:
George e Ira, Frank S, Jobim, all that jazzz...
Será que a próxima encadernação será melhor?
Mais lealdade?
Dizem que dependerá do escore desta.
Está bem, vou lavar a louça e arrumar a casa
Mas desligar o som, não desligo não !

sábado, 20 de novembro de 2010

Someone To Wacht to Me

George Gershwin 1937.jpg
George Gershwin

There's a saying old says that love is blind,
Still we're often told, "Seek and ye shall find."
So I'm going to seek a certain lad I've had in mind.
Looking everywhere, haven't found him yet;
He's the big affair I cannot forget.
Only man I ever think of with regret.
I'd like to add his initials to my monogram.
Tell me, where is the shepherd for this lost lamb?

Chorus:
There's a somebody I'm longing to see,
I hope that he turns out to be
Someone who'll watch over me.
I'm a little lamb who's lost in the wood.
I know I could always be good
To one who'll watch over me.
Although he may not be the man some girls think of as handsome.
To my heart he carries the key.
Won't you tell him please to put on some speed,
Follow my lead, oh, how I need
Someone who'll watch over me.



Nara Leão cantou assim:
"Sei que existe alguém que é feito pra mim
E sendo assim, que seja enfim
Alguém que olhe por mim
Não sou mais que um carneirinho perdido
Arrependido e oferecido
Pra alguém que olhe por mim
Pode não ser  uma beleza
Mas tem com certeza
A chave do meu coração
Diga a ele que é pra não se perder
Não sei dizer
Sem depender de
De alguém que olhe por mim"

Da Ópera Porgy and Bess de George Gerswin.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cantando Eu Mando A Tristeza Embora

.
.
Desde que o Samba é Samba
Caetano Veloso
.
.
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora

O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou

O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou

O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor

O grande poder transformador.


Fazia literalmente anos que não ouvia essa música.
Hoje ouvi na casa de uma amiga, foi tão bom...
Quem puder ouvir e se deleitar, ouça!
Muito linda.
Agora mesmo chove lá fora.
Não estou cantando, mas a música caiu bem, feito uma luva.
A propósito, não estou triste ou deprê, muito pelo contrário.
O post é pela beleza da música.
Pela possibilidade transformadora de alguns estímulos, como a música.
NESTE momento estou bem, estou zen.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Presente "furtado"

O texto abaixo foi furtado do blog "tavapensandoaqui", com consentimento da dona, autora, blogueira.
Jane, como se diz isso?

Presentes

“Pessoas são um presente.
 Algumas têm um embrulho bonito, como os presentes de Natal, Páscoa ou festa de aniversário.
Outras vêm em embalagem comum.
Algumas trazem invólucros fáceis, outras são dificílimas, quase impossível tirar a embalagem.
É fita durex que não acaba mais…

Mas… a embalagem não é o presente.
E tantas pessoas se enganam, confundindo a embalagem com o presente.
Por que será que alguns presentes são complicados para a gente abrir?
Talvez porque dentro da bonita embalagem haja muito pouco valor.
E bastante vazio, bastante solidão.
A decepção seria grande.
Também você. Também eu. Somos um presente para os outros.
Você para mim, eu para você.
Triste se formos apenas um presente-embalagem muito bem empacotado e quase nada lá dentro!
Quando existe verdadeiro encontro com alguém, no diálogo, na abertura, na fraternidade, deixamos de ser mera embalagem e passamos à categoria de reais presentes.
Nos verdadeiros encontros humanos acontecem coisas muito comoventes e essenciais: mutuamente nós vamos desembrulhando, desempacotando, revelando…
Você já experimentou essa imensa alegria da vida?
A alegria profunda que nasce da alma, quando duas pessoas se comunicam virando um presente uma para outra?
Um presente assim não necessita de embalagem.
É a verdadeira alegria que a gente sente e não consegue descrever, só nasce no verdadeiro encontro com alguém.
A gente abre, sente e agradece.”

(Autor: S. Sheider/H. Hartmann)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Laranjeira

Composição: Roque Ferreira

Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Se você cair do galho
Eu não vou lhe levantar
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Se você cair do galho
Eu não vou lhe levantar
A laranja que me trouxe
Era de beira de estrada
Nunca vi laranja doce
Que não fosse perfumada
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Se você cair do galho
Eu não vou lhe levantar
Ô que beijo bom que meu bem
Deu na minha boca
Deu na minha boca
Deu na minha boca
Cada noite com meu bem
É melhor que a outra
Gosto da mão que me bole
Que me pega sem pedir
Gosto da conversa mole
Que não me deixa dormir
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Não vá subir na laranjeira
Veja lá
Se você cair do galho
Eu não vou lhe levantar ...


Adoro laranja, flor de laranjeira, o perfume da flor de laranjeira, calda de doce com flor de laranjeira
Adoro a Roberta Sá cantando essa música

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Trascedência musical

Como é bom pensar levada pela mão de um guia sábio e generoso
Esse guia e mestre é a música
Que me leva a mundos que não eram meus
Transito livre, tão livre quanto se pode ser
Posso ir e voltar
Posso ir levando o que já é meu
Posso voltar com a bagagem aumentada
Que delícia de passeio
Como posso dizer o que sinto?
Fecho os olhos para encontrar a imagem e ideia certas, mas não consigo descrever
Só sinto a música e viajo
Que pena
Vontade de compartilhar, sem conseguir
Bom seria compartilhar, fotografar o pensamento para mostrá-lo
Não conseguir é incapacidade da expressão escrita e até mesmo falada.
Ouço "Deixa a gira girar", música de domínio público
Cantada pelas "Meninas do Brasil"
Africanidade, orixás, atabaques
Despir-se do corpo físico
Dos medos
Do supérfluo
Sintonizar no essencial, pulsar
A cada dia tento me fixar nisso
Reduzir ao que é, ao que define, ao que identifica, ao que importa...

Esperanza

"Olha como a flor se ascende
Quando o dia amanhece
Minha mágoa se esconde
A esperança aparece
O que me restou da noite
O cansaço, a incerteza
Lá se vão na beleza
Desse lindo alvorecer
E esse mar em revolta que canta na areia
Qual a tristeza que trago em minh'alma campeia
Quero solução sim, pois quero cantar
Desfrutar dessa alegria
Que só me faz despertar do meu penar
E esse canto bonito que vem da alvorada
Não é meu grito aflito pela madrugada
Tudo tão suave
Liberdade em cor
O refúgio da alma vencida pelo desamor "

Essa samba é de D. Ivone Lara e Delcio Carvalho, chama-se Alvorecer
Lindo, muito lindo
Era cantado pela Clara Nunes
Descobri neste final de semana, numa Coletânea que comprei faz tempo e nunca tinha ouvido
Pois bem, fiz uma viagem e fui ouvindo no carro
Claro que quando desce redondo na audição e no coração ouço zilhões de vezes
Estou com vontade de fazer um CD com ele, repetido várias vezes
Pra eu cantar muito, para tristeza das minhas amigas
Uma delas diz: "ela jura que canta bem"
E juro mesmo
Se não canto bem não importa, me faz bem e pronto
Esse samba antiguinho cheio de esperança é pílula de bem-estar
Canto que me dano
E canto mesmo !!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Queria assim

.
Queria ser feliz de olhos fechados
Felicidade de alma
De espírito leve
Respiração suave e profunda
Olhos fechados
Enxergando tudo
.

domingo, 27 de junho de 2010

Bicicletas e Casamento ou Greta e Ingrid


Ao contrário do que parece, faz sentido a frase "não sei se caso ou compro uma bicicleta"
De novo as bicicletas, eu sei, já é fixação
Essa admiração por bicicleta não é coisa só minha
O grupo vocal Boca Livre, por exemplo, gravou o álbum Bicicleta em1980
A canção título não tem letra, é muito gostosa, alegre como pedalar em rua plana
Depois da paixão pela bicicleta vermelha, o objeto de admiração passou a ser a preta
Algo retrô, aquelas com uma espécie de farol na frente, paralamas grossos, cestinha de palha, para carregar objetos e claro, pintura brilhosa, muito brilhosa
Como mudei o foco da minha admiração para essa?
Filmes, dos antigos, em preto e branco
Antigamente a tv exibia muitos filmes desses e vi um bocado deles
Por causa deles algumas das minhas referências são antiquadas
Por exemplo, a moda de Hollywood dos anos 30 e 40, adoro
Mulheres lindas com seus cabelos arrumadinhos, saias vaporosas, sapatos elegantes
Filmes, muitos filmes
Ficaram no meu imaginário imagens dessas décadas, em que eu sequer era nascida
Aquelas missionárias inglesas do início do século vinte, em missões religiosas pela Ásia e Africa
Achava aquilo maravilhoso
Além de serem mulheres aventurando longe de seus mundinhos, não eram casadas e viviam pelo que acreditavam
Elas eram meus ídolos, ideologias religiosas à parte
Minhas favoritas eram Ingrid Bergman, Greta Garbo, Anne Bancroft e Carmen Miranda, mas essa já é de outro departamento
Minhas heroínas eram do tipo sério, melancólicas, algumas paradonas e problemáticas
Em A Morada da Sexta Felicidade, Ingrid Berman encarna uma obstinada empregada doméstica inglesa que na década de 30 quer ser missionária na China.
Nem a Igreja acreditava nela, não a aprovava para a missão
Ela não só vai, salva um monte de criancinhas dos invasores japoneses, como também ganha o mocinho, um oficial do exército chinês
Esse filme me foi extremamente comovente na juventude. Soube a bem pouco tempo que é baseado numa história real
Queria fazer coisas heróicas como ela

Em Sete Mulheres, Anne Bacroft interpreta uma médica que em 1930 também vai para a China, trabalhar numa missão religiosa americana, prestes a ser invadida por mongóis. Ela difere das mulheres da missão, é independente, liberal, espirituosa, desbocada. Com a invasão mongol concretizada, ela se oferece em sacrifício a eles, para salvar as companheiras de missão
Vi esse filme ainda menina, lembro dele até hoje. É de 1966

Greta Garbo, meu Deus, que mulher maravilhosa ! Ela interpretou a Dama das Camélias, filme de 1936. A história se passa na França no século XIX. Por ser uma cortesã, ela abdica de seu amado para não prejudicar a reputação e o futuro dele

O que há em comum entre elas? São lindas, melancólicas, sofredoras, não cabem nos modelos de suas sociedades e algumas não terminaram bem
Nada de heroínas fogosas e sensuais, como a belíssima Rita Hayworth em Gilda
Nada disso, esse não era meu tipo
As minhas heroínas eram as mulheres que eu queria ser
Como se previsse ou quisesse viver aventuras sem final feliz
Melancólicas como eu, podia entendê-las e por isso me despertavam vontade de protegê-las
...estar perto, conviver, amparar, abraçar, desejar
Ops, aqui se dá a transição entre " a mulher que eu queria SER e a mulher que eu queria TER"
Tento lembrar das primeiras vezes que senti desejo por figuras femininas e me vem essas musas do cinema antigo
Aí começou para mim a relação entre bicicletas e casamento, casamento gay, é claro
Casamento dos outros, porque os meus vivo na telinha ou telona e me basta !
Sinto hoje que o melhor amor é o não vivido
Ou aquele que dá para ser desligado pelo controle remoto

M J

Música linda
Melancolia
Tanta polêmica
Triste vida de realeza
A vida e as criações não podem ter sido à toa
Nunca fui muito ligada nele
Depois que se foi, as músicas me tocam mais
Talvez pela história de tanto desamparo
Fica uma sensação de pena e desperdício
Vida tão maluca
Tão distante do que conheço, mas não cabe maniqueísmo
Porque somos feitos de doideira e maravilha, tudo ao mesmo tempo
Somos essa mistura primitiva de saúde e insano
A pessoa que produziu aquelas músicas, doces baladas, não podia ser totalmente doida
Ou melhor, até podia, mas isso não anula sua dignidade, humanidade
Havia candura nele, doçura
Que pena que se foi
Tomara que esteja bem onde estiver
Ou ao menos esteja o melhor possível e enfim amparado

Bicicleta

Hoje via televisão e um comercial me sugou para a infância
Algo tipo túnel do tempo:
- Uma menina saía de uma loja com o pai, conduzindo uma bicicleta novinha
De imediato voltei ao meu desejo infantil de ter uma bicicleta
Era um sonho, coisa cara.
Minha família vivia apertada.
As prioridades eram outras, educar os filhos e o todo o básico, que não era pouco, já que eram muitos filhos
No meu universo infantil, as bicicletas eram as coisas mais lindas do mundo
As vermelhas então! O brilho da pintura . A borracha novinha e preta dos pneus. Franjas coloridas pendendo do guidon
Era felicidade instantânea
Havia o comercial "não esqueça da minha Calói", martelando a cabeça das crianças
Minha vizinha tinha uma vermelha
Lembranças deliciosas
Como ando voltando a elas, precisando dos sentimentos de lá, tentando resgatar o prazer para colocar no hoje
Minhas baterias eram carregadas naquela época, repletas
Hoje energia escassa
Os prazeres da época eram:
Chinelos havaianas novinhos, diferentes dos de agora e em poucas cores
As maravilhosas bicicletas vermelhas, de que já falei antes, que para mim viraram sinônimo de coisa boa
Tardes de piscina no clube suburbano
Bonecas da Estrela, Manequinho, Mãezinha, Gui-gui, Beijoca, Tipy, Lili e Lalá...
Cachorro quente da cantina do colégio das freiras, onde eu era aluna bolsista. O cheiro do molho no mínimo era divino
Ir fantasiada aos bailes infantis de Carnaval
Fazer e completar álbuns de figurinhas
Vestidinhos de algodão, estampados com florzinhas e frutinhas
Sapatos e sandálias enfeitadinhos, principalmente os de verniz
Botas de couro no inverno
Material escolar novo
Mochila escolar preta de couro
Tocar piano
Flauta doce
E outras coisinhas mais
Além desses desejos, tinha uma fantasia constante, ir embora
Pegar a bicicleta, colocar uma caixa no bagageiro com coisas indispensáveis
Aventurar, cair no mundo, escolher sozinha os rumos, partir, partir, partir !
Pois bem, só fui ter uma boneca da estrela aos 12 anos, quando já estava deixando a infância
Meu cachorro quente era sem salsicha, mais barato, era o que eu podia pagar
Só completei um álbum de figurinhas em toda vida, era caro, "desperdício de dinheiro"
Minha primeira bicicleta não era vermelha, era azul e não era Calói, era "cover"
Quando minha mãe pode me dar a mochila de couro preta, não tinha mais nas lojas da cidade.
Ganhei uma de couro sintético, com o Zé Carioca, feinha que só vendo
Tocar piano, um sonho inatingível. Ter um piano era do outro planeta
Só consegui entrar para o conservatório de música no curso de acordeon, porque havia um velho lá em casa
Nunca fui fantasiada a um baile de Carnaval, mas ganhei as sapatilhas de colombina, chamávamos de "bambuchas", que usei no baile com uma roupa qualquer
Essa é a vida, minha vida
Tive várias havaianas novinhas, nunca uma amarela (era a mais bonita)
Não tive tantos vestidinhos quanto queria.
Nas tardes de verão, de banho tomado, usava o que tinha, para brincar na rua com a criançada da vizinhança
Ganhei uma flauta doce num aniversário, foi vaquinha em família
Com ela toquei na orquestra infantil do conservatório municipal
Tive várias tardes de piscina no clube, maravilhosas
Tive uma lindíssima sandália vermelha de verniz, que usei à exaustão, tanto que na escola fui conhecida como a guria da sandália vermelha
Meu pai contou que um dia foi me buscar na escola e perguntou por mim a um menino, que replicou: a guria da sandália vermelha?
Entre riso e melancolia reli o que escrevi.
Vi que a maioria dos meus desejos era material
Estranho, muito estranho
Talvez porque o principal não me faltava:
Família presente e atenta, uma casa simples e confortável, escola, saúde e barriga cheia
Nunca usei botas na infância. Hoje tenho vários pares
Meu primeiro carro foi zero km e vermelho. Meu pai nunca teve um
Aos 21 anos montei meu primeiro apartamento para morar sozinha. De certa forma, peguei a bicicleta e caí no mundo
Se quisesse, até poderia ter comprado um piano
Nada disso me fez mais feliz
Que pessoa doida sou eu
O que quero ser quando crescer?
Será que vou entender e crescer de fato?
Hoje sinto necessidade de outra coisa, ou seja, a melhor e a pior coisa do mundo
Que são exatamente a mesma coisa: gente !
Que me alegra e me derruba
Hoje só fiz a catárse.
Reflito melhor outra hora
Ao menos registrei
Clau, já sei, preciso terapia!

sábado, 26 de junho de 2010

Assistindo o tempo

Pensando...
Aos quase quarenta e sete anos, vinte anos atrás é ontem
Foi ontem que tive vinte e sete
Pensava que a vida de fato começava ali
Porque ali, finalmente era independente financeiramente
Já podia mandar em mim
Andar com meus pés, sem as bengalas da família
Duplamente grande engano
Bengalas que jamais se larga
Mandar em mim não seria garantia de felicidade
Enfim, vinte anos atrás o amanhã era um infinito de possibilidades
Hoje, exatamente hoje, pensar em vinte anos para frente é aproximar do fim
Sessenta e sete...
Por minhas características psíquicas, físicas e condições de vida, não faço o tipo que vai longe, apesar de longevidade até ser uma característica da minha família, principalmente a materna
Hoje, a lucidez assiste o decréscimo da energia
Solidão da alma neste momento
Vontade apenas da minha própria companhia
Amigos tão queridos no coração
Mas o momento é de recolhimento
É inverno severo na montanha
É preciso recolher lenha e ficar reclusa na cabana
Observar o fogo na lareira
Esperar o fim do inverno para ver o que acontece
Nesse retiro, coração baqueado
Tudo soma
A consciência de tudo, que sempre me foi fundamental, hoje me entristece
Quem sabe seria melhor não ter entendido?
E ainda o relógio que não para, não descansa
Contagem regressiva
Como viver esse momento?
tic tac, tic tac ...


Para Rosana, que disse gostar dos meus textos

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sonrisal Emocional

Tentei descrever o que sinto neste exatíssimo momento
Há uma efervescência de emoções
Uma pré irritação que é apagada pelo ímpeto de não perder a calma
Algo quer gritar e algo manda calar a boca, tudo ao mesmo tempo
Vontade de sacudir quem está em letargia, dar uns tapas e gritar: "Acorrrrrrrrrrda"
Sabendo que é absolutamente impossível fazer acordar quem não o quer
Minha viagem ia em bom curso, quase céu de brigadeiro
Um pequeno pit stop e tudo mudou, fui rever mapas, refazer cálculos de navegação
Ledo engano
Devo voltar ao plano original, duramente elaborado:
Permitir conhecer terras novas que se anunciavam
Às vezes há que se ter alma de jogador, arriscar
Abrir mão do conhecido e se lançar ao novo, que pode ser tão bom ou até melhor que o que já se conhece
Sabe lá que surpresa boa há além do horizonte?
Lesk aí vou eu !

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Outono

A temperatura está caindo
A vontade de hibernar aumentando
Contra esse movimento interno, começa outra temporada de pequenas viagens
Esse será um ano de viajar mais do que de costume
A vida está entrando nos eixos
Pessoas novas e antigas chegando
Contemplar, pensar e curtir...
Viva o aconchego !

Beijos Mineiros

"...quem te conhece
não esquece jamais
oh Minas Gerais..."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Alicia

Alicia era um paradoxo
Era tímida e adorava ser o centro das atenções
Era do mundo alternativo e conservadora como ela só
Bonitinha, mandona, insegura, gaguejava quando confrontada
Perdia o fio da meada, se perdia no raciocínio
Tocava uma viola como ninguém
E tinha um olho para fotografia, via o que ninguém via
Ao revelar, lá estava
Fotos esplêndidas, universos revelados
Tinha talento para as artes em geral
Mas seguidamente se esvaziava
Perdida na esquina de nada com coisa nenhuma
Algum dia falo mais dela
Alicia, Alicia

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A presidiária

Uma presidiária vive solta pela pequena cidade
As paredes da cela, que não são sólidas, a seguem por onde vai
São móveis e aprisionam
Numa delas existe uma pequena janela gradeada, salvação e lucidez
Bendita janela, dela vem oxigênio mental
Através dessa janela-espelho respira e tem consciência de existir
Através dela lhe é permitido espiar e procurar saber quem é
Que crime cometeu?
Quem vitimou?
Há quanto tempo?
Quem lhe deu essa pena?
A presidiária nada sabe
Questões antigas, espera por respostas
Pensamentos exaustos
Resignação e coragem
Algum dia as respostas virão.

Sobre inspiração

Sobre inspiração, li em algum lugar, que mesmo a pessoa com o mais rotineiro dos cotidianos tem conteúdo para escrever.
Se não escreve, é porque não é bom observador da vida.
Não estava escrito exatamente assim, nem sei quem escreveu ou onde estava escrito.
Sei que topei com essa ideia por aí.
Tenho seríssimos problemas de memória.
O que importa é que a ideia é basicamente essa.
Talvez por narcisismo ou falta de criatividade, observo a mim.
Sou meu próprio material e inspiração (ou falta dela).
Tem acontecido algo estranho comigo.
Quando estou quase dormindo, naquela sonolência que ainda não é propriamente sono, penso coisas como se estivesse escrevendo.
Mais ainda, cantarolo músicas em pensamento, supostamente coisas que compus.
Aí lamento não estar acordada para capturar aqueles pensamentos.
Queria ser carcereira dos meus pensamentos adormecidos, sonolentos.
Talvez os melhores e mais livres.
Aqueles onde crio e me liberto
Pena não aflorarem no meu cotidiano.
Talvez eu seja melhor dormindo.
Talvez isso, talvez aquilo, talvez, talvez...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Gostosa

Que abraço gostoso ela tem
Tão forte, apertado
Não dá vontade de soltar
É tão ocupada, requisitada
Ficaria estranho atender seus afazeres comigo agarrada a ela
Imagino a cena, a guria trabalhando e eu lá, grudada
Literalmente um grude, coitada
Já eu, curtindo ...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Na praia

Lava-me o mar.
Leva-me o mar.
Que um dia ainda entrego a ti minha cabeça.

Haja paciência

Neste exato momento estou ao telefone brigando com a companhia de TV a cabo.
Como me custa brigar por meus direitos.
Detesto argumentar para alguém fazer o que tem obrigação de fazer.
Se é dever do outro, por que tenho que reinvindicar?
É absurdo, reinvindicar o óbvio, contato desnecessário.
Parêntese: em geral já sou meio arredia a contatos...
Por isso gosto de escrever. Fecha parêntese.
É cumprirem a obrigação e pronto.
Essas pendengas me deixam emocionalmente instável, exposta, desconfortável.
Muitas vezes até abro mão dos meus direitos porque detesto argumentações, réplicas, tréplicas e assim por diante.
Tudo muito desgastante, puxando-me das minhas nuvens frescas para a terra quente.
Dizem que isso é característico do meu signo, aquário.
Não sei se isso é verdade.
Seja como for, tem uma frase que já usei aqui, que diz tudo o que penso e sinto a esse respeito:
"Amo a humanidade, mas as pessoas, uma a uma, me são muuuuuuuito difíceis.
Tenho dito !