quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Alicia

Alicia era um paradoxo
Era tímida e adorava ser o centro das atenções
Era do mundo alternativo e conservadora como ela só
Bonitinha, mandona, insegura, gaguejava quando confrontada
Perdia o fio da meada, se perdia no raciocínio
Tocava uma viola como ninguém
E tinha um olho para fotografia, via o que ninguém via
Ao revelar, lá estava
Fotos esplêndidas, universos revelados
Tinha talento para as artes em geral
Mas seguidamente se esvaziava
Perdida na esquina de nada com coisa nenhuma
Algum dia falo mais dela
Alicia, Alicia

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A presidiária

Uma presidiária vive solta pela pequena cidade
As paredes da cela, que não são sólidas, a seguem por onde vai
São móveis e aprisionam
Numa delas existe uma pequena janela gradeada, salvação e lucidez
Bendita janela, dela vem oxigênio mental
Através dessa janela-espelho respira e tem consciência de existir
Através dela lhe é permitido espiar e procurar saber quem é
Que crime cometeu?
Quem vitimou?
Há quanto tempo?
Quem lhe deu essa pena?
A presidiária nada sabe
Questões antigas, espera por respostas
Pensamentos exaustos
Resignação e coragem
Algum dia as respostas virão.

Sobre inspiração

Sobre inspiração, li em algum lugar, que mesmo a pessoa com o mais rotineiro dos cotidianos tem conteúdo para escrever.
Se não escreve, é porque não é bom observador da vida.
Não estava escrito exatamente assim, nem sei quem escreveu ou onde estava escrito.
Sei que topei com essa ideia por aí.
Tenho seríssimos problemas de memória.
O que importa é que a ideia é basicamente essa.
Talvez por narcisismo ou falta de criatividade, observo a mim.
Sou meu próprio material e inspiração (ou falta dela).
Tem acontecido algo estranho comigo.
Quando estou quase dormindo, naquela sonolência que ainda não é propriamente sono, penso coisas como se estivesse escrevendo.
Mais ainda, cantarolo músicas em pensamento, supostamente coisas que compus.
Aí lamento não estar acordada para capturar aqueles pensamentos.
Queria ser carcereira dos meus pensamentos adormecidos, sonolentos.
Talvez os melhores e mais livres.
Aqueles onde crio e me liberto
Pena não aflorarem no meu cotidiano.
Talvez eu seja melhor dormindo.
Talvez isso, talvez aquilo, talvez, talvez...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Gostosa

Que abraço gostoso ela tem
Tão forte, apertado
Não dá vontade de soltar
É tão ocupada, requisitada
Ficaria estranho atender seus afazeres comigo agarrada a ela
Imagino a cena, a guria trabalhando e eu lá, grudada
Literalmente um grude, coitada
Já eu, curtindo ...