quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Presente matinal de Marcia

"Se toda vez que alguém querido nos decepcionar a gente se afastar, eliminá-la da nossa vida por medo de sofrer, é melhor nos acostumarmos com relações superficiais, namoros de um dia, nunca se entregar, porque toda relação de verdade, sempre gera atrito, e é na capacidade de lidar com esses atritos que a gente apara as falhas mútuas e vai aprendendo a conviver e a respeitar o outro. É assim que a paixão se transforma em amor"

Grande Mario Quintana

Não desejo mal aos que chegaram depois, mas antes deles, minha história já existia
História, tempo decorrido, passado, passa o tempo, paz com o tempo
"E eu passarinho"...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fragmentos de Caio Fernando Abreu




"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra."

"Teu único apoio será a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez, através de cada palavra estarás quem sabe afastando pra sempre."

"Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções."
]
"Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia."

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

"Meu coração tá ferido de amar errado."

"Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos."

Sobre escrever

Pensamentos enredados me assombram
Andei relendo Caio Fernando Abreu
Queria saber escrever como ele
Caio é a minha Meca
Queria ter aquele dom, aquela fluência simples, direta, profunda e verdadeira, onde as pessoas se podem enxergar, fazem parte do que ele escreve
Pensei no porque não consigo escrever daquele jeito
Talvez porque falte a dor e as vivências
Falte principalmente a profundidade
Embora me esforce em refletir, provavelmente esteja num patamar mais raso
Talvez a diferença de nível cultural...
As pessoas vivem em diferentes estados evolutivos e enxergam até onde seu estado permite
Talvez me sejam impossíveis reflexões mais profundas
Pelo menos existem pessoas como ele, que têm o dom de traduzir estados de alma que nós os mais rasos ainda não conseguimos
Talvez isso, talvez aquilo...
Mas que eu queria escrever como ele, lá isso eu queria!

Movimento

Não lembro se já disse isso por aqui antes, seja como for, acho interessante a auto-contemplação, sobretudo nas dificuldades.
Principalmente nas dificuldades relacionadas às questões emocionais em sentido amplo.
Acho bárbaro me observar em pleno movimento de resistência, no esforço supremo de emergir e buscar ar.
Quão dolorido e bonito!
Nesse esforço, buscar me reabrir para a vida, cheia de cicatrizes, mas tentando, em paz por ter tentado
Tentando sim, raramente conseguindo
Entregando titubeante minha essência rarefeita
Tremendo de medo e insegurança e ainda assim, caminhando rumo ao desconhecido: rejeição ou aceitação
Ao menos o movimento é esse, tentar, fazer o melhor que sei
Dividida em duas, a que age e se esforça e a que sai de dentro da casca para se observar
Bom passar pela vida refletindo, embora essa palavra não explique tudo o que quero dizer, porque não achei a palavra certa
Algo como ver o que me passa e não fugir dos significados, causas e consequências, tanto quanto consigo ver
Enfim, vivendo, contemplando e pensando, muito!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Marcia, ainda não

Marcia,
Ainda não passou
Voltou com tudo ...

Miss Potter x Ana Carolina

Ontem fui ao show da cantora Ana Carolina
Bem produzido
Muito bonito
Embora não tenha me emocionado de todo
Talvez porque tenha me despertado uma enorme saudade e não me concentrei na cantora
O tempo todo só pensava nela
As letras de todas as músicas me remetiam a ela
Queria ter ido ao show com ela, afinal ela é que é fã da cantora
ELA, ELA, ELA...
Trechos de uma música em especial, enfim me sensibilizaram:

"...Pense em mim, em tudo aquilo que ainda sou eu
Use a coragem não só pra dizer adeus
Pense em mim, em tudo aquilo que ainda eu sou
Mentiras, sonhos e perdões que a vida me deu
...
Mas todo amor que dentro de mim pode haver
Rouba, acende, ilumina e usa só pra você"

(8 Estórias - Ana Carolina e Chiara Civello)

Em tudo aquilo que ainda sou eu
Sou a mesma pessoa que te descobriu entre os personagens de um filme delicado
Quando ainda nem te conhecia
Te senti entre eles
A mais doce, a mais romântica
Sabia que na essência eras assim...
Que pena deixar evaporar tanta sintonia
Fugir de todo bem que poderíamos ser juntas
Ainda podemos, minha Miss P

As canções e o que se sente...

Olha
(Roberto e Erasmo Carlos)

Olha você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei pra mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto mesmo assim
Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor (VERDE) que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui
Olha você vive tão distante
Muito além do que eu posso ter
E eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é pra valer
Olha, vem comigo aonde eu for
Seja minha amante, meu amor
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor

Sempre achei essa música bonita
Principalmente as quatro primeiras frases
Hoje falava com a pessoa a quem amo e essa canção brotou como se fosse minha
Interessante isso, as vezes ouço coisas que parecem tão distantes da minha vida
Soam como algo que só existe nas músicas, até eu passar por aquela situação
Aí, o que me parecia brega ou artificial faz TODO sentido
...sei lá...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Marcia e Caio Fernando Abreu

O maravilhoso texto abaixo é do também maravilhoso Caio Fernando Abreu.
Recebi de presente hoje pela manhã de minha amiga Marcia, que lá de Angra pensa em mim e se preocupa, zelosa como sempre.
Querida, posso te dizer que já está passando e que Caio tem toda razão.
Abraço apertado, amiga.


"Vai passar Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”.
Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”.
Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas.
Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”.
Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais.
Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor.
Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”.
E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração.
Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer.
E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio.
E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos.
Serão tantas que desistirás de contar.
Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam.
Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho.
Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada.
Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos.
Refreias quase seguro as vontades impossíveis.
Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo.
Qualquer coisa assim:- … mastiga a ameixa frouxa.
Mastiga, mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca …"

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Mulherão !

Minha avó sempre dizia que Deus não dá fardo maior do que a força que se tem para carregá-lo. Pensando nisso, concluí que sou um "mulherão" !
Sou a responsável e cuidarora única de pessoa deficiente.
Trabalho na área criminal, trabalho bastante desgastante e triste
Percebo dia-a-dia a saúde diminuindo, já que preciso dispendê-la cuidando da pessoa que antes citei.
Nesse desafio constante, cotidiano, transcendo o estreitar das paredes em torno de mim
Consigo ver lirismo nesse turbilhão
Poesia no sofrimento que traz evolução
Penso no bailarino no Bolero de Ravel
Algo denso, dramático e lindo
Quando meus relacionamentos amorosos naufragam,
Vejo que não sou para qualquer uma, frágil e imediatista
Na verdade, sou jóia rara para aquelas de bons pulmões, de bom fôlego para mergulhos profundos
Pretensioso?
Pois chamo de realismo!
Não posso me conformar com menos
Há luz da superfície chegando aos corais
Netuno está me brindando agora com uma de suas enviadas...

Vaidade ou dicotomia de uma chata

Como me sinto incomodada ao sentir turvar meu pensamento!
Pretensiosamente, prefiro que ele se mantenha em alto padrão de qualidade
Ao menos, MEU, padrão de qualidade
Alguns acontecimentos recentes me deixaram aborrecida, furiosa mesmo
Isso fez-me descer ao patamar dos pensamentos politicamente incorretos
Ao menos, penso que em boa parte do tempo eles não o são
Embora hoje em dia seja brega ser politicamente correto
E aqui me encontro, entre o sacro e o profano
Querendo manter uma aura "violeta", elevada, sobre meus pensamentos
Mas sentindo uma tremenda vontade de dizer todos os palavrões que conheço, dirigidos a alguém em especial
Se pensarem que isso é a dicotomia de uma chata, pois digo que NÃO É NÃO!
São reflexões confusas, eu sei, de alguém que pensa demais e queria ser melhor e sabe que ainda não o é.
As vezes penso que vaidade e pretensão (em dose certa) são medicinais
Fazem nos colocarmos em instâncias saudáveis de auto-estima, diante das coisas feias que às vezes nos acontecem
Mas também é bom deixar o sanguesinho bravo correr fervendo nas veias, porque se algum dia eu estiver "elevada" demais, já devo ter morrido, reencarnado umas trinta vezes e nem ter percebido o transcorrer de tudo isso.
HOJE sou humana e muito politicamente incorreta
Amanhã eu evoluo
Ok?