quinta-feira, 19 de junho de 2008

"Chove chuvaaa, chove sem parar..."


Sexta-feira chuvosa, começo de inverno.
Que coisa boa, como me sinto bem, provavelmente porque remeta à minha infância e ela foi muito feliz.
Lembro de dias inteiros daquela época, das manhãs, tardes e noites.
Lembro de um em que chovia muito. Minha mãe foi a uma loja de roupas e me levou junto.
O que ela tinha de fazer na rua, exatamente naquele dia?
Algo muito doido, sair de casa com aquele clima e levar uma criança.
Ainda mais para minha mãe, tão certinha.
As sarjetas estavam cheias de água da chuva.
Era impossível atravessar as ruas sem mergulhar pés e pernas na água.
Quase ninguém na rua.
Além da chuva, fazia muito frio.
Lá estávamos nós, de pernas na água, rindo muito e eu feliz da vida.
Era muito bom fazer "arte" em companhia de minha mãe.
Foi tão bom, que lembro até hoje.
Assim foram vários e vários dias maravilhosos, que guardo no meu cofre das boas lembranças.
Infância...fui muito, muito feliz.
Hoje quando o dia está chuvoso e cinzento, me sinto muito bem.
Nada tem a ver com depressão, é lembrança de aconchego, de muita gente junta, se aquecendo em casa, comendo alguma coisa gostosa, rindo.
Em dias assim, queria estar fazendo chocolate quente para todos os meus amigos queridos, de todas as épocas, de todos os cantos, inclusive os que não se conhecem e que provavelmente nunca se conhecerão.
Juntar, acolher, aconchegar as pessoas é muito bom. Ainda mais em dias chuvosos.
Acho que estou saudosista ...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Que tudo passe!

De ontem para cá, acentuou a dor que venho sentindo no maxilar.
Muito significativo.
Sempre dou um jeito de cerrar a boca para falar
(infelizmente o mesmo não acontece para comer,
poderia baixar muitos quilos).
Fechando a comunicação verbal, com sutileza...
Entrando na concha...
Desde criança sou assim.
Primeiro foram as freqüentes amigdalites.
Depois a mudez voluntária com algumas pessoas com quem as coisas não iam bem.
Cá estou, somatizando novamente.
Meu corpo é muito guerreiro, sustenta, enfrenta e resiste a dura adversária que sou.

"Tempo, tempo,tempo ,tempo, és um dos deuses mais lindos..." (Caetano Veloso)

Dor física

nervo
azul
torto
verde
suor
amarelo
tensão
preto
cansaço
marrom
pesando
laranja
derretendo
cinza
apagando
lilás
adormecendo
branco
mergulhando
violeta

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Não existir

Certa vez, tentei falar com minha última namorada sobre algo que é constante em minha cabeça. Ela me deu um esbregue e a conversa morreu. Nem por isso deixou de ser presente em meus pensamentos, todos os dias. Ultimamente anda ainda mais forte.
Não quero assustar ninguém, não há motivo para isso, mas não há um único dia em que não pense em morrer.
Muita calma nesta hora, não sou uma suicida em potencial. Fui criada em família espírita e isso seria um sacrilégio. Nem morrer se pode, a menos que Deus decida que sim.
Alguém me falou que o que penso e sinto era tal qual pensava Fernando Pessoa. Não sei se é verdade, mas já achei minha crise existencial "podre de chic".
Vamos lá. Na verdade não é vontade de me matar, mas gostaria de não ter existido. Segundo me disseram, isso era o que também sentia Pessoa.
Por que isso? Porque a vida é por demais sofrível emocionalmente. Não falo romanticamente, falo em todo e qualquer sentido.
A falta de comunicação, a transparência do existir, quando as pessoas me olham e não me vêem. Olhar que atravessa e não se fixa. Pessoas que compartilharam minha alegria, meu beijo, meu colo, minha cama, minha ira, minha luta. Mesmo assim não me enxergaram.
Para viver sozinho na multidão, sozinho e transparente, melhor seria não ter existido.
Como já falei aqui certa vez, amo a humanidade mas não me encaixo muito bem nela.
Sou do tipo que quando não consigo me fazer entender, me colocar, calo e penso para dentro.
Entrego os pontos facilmente para a humanidade e vivo meus pensamento de eremita.
Isso acontece zilhões de vezes.
Queria alguém com quem conversar e chorar, exatamente agora.
Queria ser eu com companhia.
Só isso.