quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Será monólogo mesmo?

Faz dias que não venho aqui
Como sempre, acho que não tenho o que dizer.
Por outro lado, ando sentido falta de alguém, que não sei quem é e que só encontraria aqui
Como se não vindo aqui, perdesse o contato
Maluco? completamente
Vou tentar clarear essa bagunça
Creio que seria alguém com quem dialogo aqui, apesar de ser um monólogo
Será isto monólogo ou um diálogo narcisista comigo mesma?
Nem sei quem vem aqui e quando vem
Mas sinto falta desse alguém possível
Acho que não vir aqui é uma fuga de mim
Vir aqui é um exercício de me ver
Nem sempre estou com a necessária energia para me enxergar
Ando meio incolor e transparente
Difícil de visualizar

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Dois bichos gente

Duas pessoas
Pessoas absolutamente diferentes
Fisicamente diferentes
Duas biologias diferentes
Cores, tamanhos, texturas diferentes
Dois bichos gente
Apenas iguais no gênero
Uma pequena, outra grande
Uma clara, outra morena
Cabelo fino e pouco
Cabelo escuro e abundante
Mãos diferentes que se reconhecem
Toda diferença se dilui
Só olhos nos olhos
Conversa de olhos
Viajar pelos olhos uma da outra
A melhor das viagens, mergulhar no olhar de alguém
Que deleite a paisagem
Dois pares de olhos apenas
Nada mais importa
Emoção, emoção, emoção...

A vida pequena e a poesia

Acabei de ouvir (duzentas vezes),
CD Noites de Gala, Samba de Rua - Mônica Salmaso:
...
"A casa está bonita
A dona está demais
A última visita
Quanto tempo faz

Balançam os cabides
Lustres se acenderão
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração

Será que o amor se sente em casa
Vai sentar no chão
Será que vai deixar cair
A brasa no tapete coração

Quando aumentar a fita
As línguas vão falar
Que a a dona tem visita
E nunca vai casar

Se enroscam persianas
Louças se partirão
O amor está tocando
O suburbano coração

Será que o amor não tem programa
Ou ama com paixão
Mulher virando no sofá
Sofá virando cama coração

O amor já vai embora
Ou perde a condução
Será que não repara a desarrumação
Que tanta cerimônia
Se a dona já não tem
Vergonha do seu coração"
(Chico Buarque/1984)

Impossível não ouvir toda arrepiada
Com o coração pulsando nas mãos, nos olhos, nas lágrimas
Que coisa mais linda!!!!!!!!!!!!!
Literalmente de chorar de lindo, de sensível, de poético, ..... de real, de possível
Que bom que existem os poetas
Humilde ou pretensioamente consigo me ver aí
A vida pequena e comum (minha vida) pode ser cheia de poesia
Minha vida aprendendo a amar, me entregar, sem vergonha, sem cerimônia
"mulher virando no sofá, sofá virando cama coração...", a divina transcedência...




quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O pensamento voa.

Hoje não fui trabalhar, enforquei a manhã.
Claro que terei de compensar outro dia.
Não foi por motivo fútil, foi por indisposição estomacal.
Ando até numa fase bem "caxias" no trabalho.
Passeei pela internet, chequei meu correio eletrônico.
Coisas que raramente faço pela manhã.
Li e-mails com aquelas coisas "altruístas" de sempre.
Nada contra, melhor altruísmo que agressividade ou outros negativismos.
Na verdade, acho que fiquei preguiçosa para lê-los.
Talvez por pura pretensão, achando que já sou "boa" o suficiente.
Na verdade, talvez a forma é que não me sensibilize.
Prefiro aprender a "ser boa" através de outros veículos, música, por exemplo.
Por falar nisso, encomendei alguns CDs da gravadora Biscoito Fino.
Recomendo para quem gosta de música de qualidade, sobretudo a brasileira.
Lá encontra-se a fina flor da MPB.
A que não é fácil encontrar em qualquer loja, porque não é meramente comercial.
Ao menos não é fácil encontrar onde vivo, no sul do Rio Grande do Sul.
Estou quase caindo do mapa.
Mais perto do Uruguai que da maior parte do Brasil.
Acho que faço a borda do Brasil, o arremate da costura, mas ainda assim, fazendo parte do traje.
Nem um pouco menos brasileira.
Apenas brasileira com influências cucaracias, o que gosto muito.
Adoro minha latinidade.
Um pensamento puxa outro.
Lembrei da música de Lupicínio (Rodrigues):
"O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar".
Lembrei dos acontecimentos recentes no país, o PAN do Rio e o desastre aéreo.
Quando algum brasileiro ganhava alguma medalha, a torcida cantava: "sou brasileiro com muito orgulho".
Um familiar de alguém que morreu no acidente aéreo fez referência a essa frase numa entrevista, dizia "sou brasileira sem muito orgulho".
Compreensível toda a dor dessa pessoa. Totalmente compreensível.
Mas fiquei pensando em algo que sempre acreditei.
O país não é essa legião de pessoas mal intencionadas, corruptas, desrespeitosas conosco.
O país somos justamente nós, do Oiapoque ao Chuí, que ralamos, brincamos, amamos, pisamos na bola, construímos nossa cultura.
Apesar da bandalheira oficial, sou brasileira com muito orgulho sim.
Não sou o que eles são.
Acho que há que ser travada uma luta para reavermos nosso país para nós (redundância proposital).
Isso sim !!
O que é um país?
- Área física. A nossa é maravilhosa.
- População e suas manifestações culturais. A nossa é variadíssima, influências do mundo todo. Fomos "construídos" por gente de todas as partes do mundo.
Acho que por isso é tão bom. Somos a mistura de tudo, do bom e do ruim.
Lembrei de outra coisa. Quando estrangeiros criticam nossas mazelas, nossos deslizes, deveriam enxergar-se nisso, já que a presença dos países de tantos deles está em nossa formação.
Acredito que não exista nada melhor que a diversidade e saber conviver com ela , com respeito.
Ihhhhhhhhhhh, baixou um santo ufanista.
Nem era isso que queria falar, mas o velho Lupi tinha razão, a gente voa quando começa a pensar.
Será que vou lembrar o que vim aqui dizer e não disse?
Se lembrar, volto a postar.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Inspiração X Stress

Geralmente tento postar quando estou "inspirada", com a cabeça cheia de idéias.
Hoje resolvi ver o que sai quando a situação é exatamente inversa.
Estou cansada.
Doida pra ficar quietinha no meu canto.
Fiz outra maratona maluca: ir a Porto Alegre, passar menos de um dia com a Siciliana.
Na verdade, almoçamos, passamos a tarde e a noite juntas. Voltei para casa bem cedinho, três horas de viagem de ônibus.
Pois bem, cheguei em casa correndo, almocei e fui trabalhar.
No trabalho, muita correria e eu cansada pela noite anterior mal dormida e pela agitação, fora da minha rotina.
As vezes volto para a velha tecla, pensar que tem dias assim mesmo.
Dias de vazio interior, onde só resta ser funcional, operacional.
No caso, vazio por stress físico mesmo.
Acho que não tenho talento suficiente para escrever coisas que valham a pena em momentos assim.
Realmente, devo retornar aqui quanto tiver algo significativo a dizer.
No mais, algum tédio.
Está bem, poderiam me perguntar se ter passado alguns momentos com ela não me inspirara.
Claro que sim, mas não quero me repetir ou ficar dissecando nossa intimidade em demasia.
Posso dizer que foi muito bom e sempre que puder, farei outras maratonas assim.
Ela é linda e a vida é bela !!!!
Talvez a idade é que esteja pesando.
Rir de si mesmo é um grande barato.
Reconhecer limitações e não perder o senso crítico.
Ai, estou cansada, meu mal é sono.
Logo logo estarei na minha forma de novo.
Tchau e bênção!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Musical

Gente..., como estou musical (rindo muito de mim) !!!!!!!!!!!!!

Crescendo com música

Quando era adolescente, o que mais eu fazia era ouvir música.
Músicas que naquela época a maioria dos adolescentes não ouviam.
Minha turma de amigos dessa época era diferente das demais.
Na verdade, éramos maravilhosos (modestos também).
Tóia e Kátia, por favor comentem confirmando isso. Ei, viva o senso de humor !!
Gostávamos de boa música e de ler.
Nos interessávamos por política, o que era diferente dessa bandalheira de hoje.
Éramos todos meninos nascidos durante a ditadura militar.
Alguns tinham irmãos mais velhos já na universidade.
Desses, herdamos o bom gosto musical.
Com Milton, Tom, Chico, Caetano, Elis, Nana, Dorival e Dory Caymmi, João Bosco, Edu Lobo, Francis Hime e tantos outros, fomos nos educando politicamente e lapidando nossa sensibilidade. Era tempo de ser feliz e crescer, por dentro e por fora, protegidos por nossas famílias classe média.
A visão da vida e do futuro era tão....poética.
Dia desses fiquei olhando para a quantidade enorme de LPs desse tempo que ainda guardo.
Não pretendo me desfazer deles.
Naquela época, a grana era muito curta.
Comprar um disco era uma conquista e tanto.
Literalmente contando moedas.
Lembro de quando comprei "Cinema Transcendental" de Caetano.
Fui para casa na maior ansiedade para ouvi-lo.
Ouvi num pequeno e muito simples toca-discos no meu quarto.
Gostava de ouvir sozinha, deitada e de olhos fechados.
Totalmente sintonizada na música.
E ouvia repetidas vezes.
Ouvia muito uma música que adorava, com o MPB4, do Garoto e do Chico Buarque: "Duas contas".
Eu a ouvia sem parar, música das antigas, das muito boas.
Que viagens eu fazia apenas ouvindo música.
Não bastasse eu ser careta desde aquela época, não precisava de outra química que não minha própria adrenalina, para deixar fluir as mais deliciosas sensações que a música me proporcionava.
Nessa audições adolescentes, totalmente inspirada eu acreditava realmente que o mundo poderia ser mudado, pretensiosa e ingênua.
Até hoje, duas coisas me incentivam a tomar decisões: -música e raiva.
Parece doido, mas é assim mesmo.
É tudo adrenalina.
Comecei a divagar e até esqueci porque comecei essa conversa toda...
A vida me levou por rumos áridos.
Fui trabalhar num ambiente burocrático e autoritário, muito chato.
Comecei a não ter tempo para música e para sonhar com mudanças no mundo, nem mesmo meu próprio mundinho.
A vida tornou-se mecânica, funcional demais.
Quando recentemente conheci "Siciliana" (até ela já está se acostumando a ser chamada assim),
nossas primeiras conversas eram sempre sobre música.
Através dela conheci bandas latinas contemporâneas.
E eu queria muito que ela ouvisse Mônica Salmaso.
Ainda não consegui, mas hei de vencer !!
Ela está aos poucos me devolvendo esse prazer:
- Degustar música e nutrir meu universo interior.
Estranho..., não sei se de fato ela consegue ver quem eu sou e o quanto minha alma é povoada. Aliás, acho que pouquíssima gente sabe. Não sou de entrega fácil e não estou enaltecendo isso, apenas reconhecendo.
Tomara que seja apenas questão de tempo, de ajustar a comunicação, afinar o instrumento, ao som de muita música boa que possamos compartilhar.
Até alguns minutos atrás estava salvando no computador meus CDs prediletos e ouvindo Rosa Passos. Alguns CDs que quero gravar para ela.
As vezes vejo nela um pouco de mim adolescente, cuidadosa com seus CDs, como verdadeiras relíquias.
Que bem essa menina está me fazendo.
Estou resgatando a mim, para mim e quem sabe, para quem mais pintar.

Depois do Beijo


"Quantos livros eu preciso ler
pra ficar à sua altura
Que poema tenho que trazer de cor
Pra ser música em seus ouvidos
Pouco importa o fato de não ter futuro
De não sermos iguais
Que me custa se depois do beijo vem o abismo

Quantos drinks ainda tenho que tomar
Pra ficar normal
Quantos filmes eu necessito ver
Pra reinar no império dos seus sentidos
Me incomoda o fato de não ter passado
Pelo seu caminho
Que me custa se depois do beijo vem o abismo"
(Lenine e Lula Queiroga)

Quando li a letra dessa música...ela me pareceu ter endereço certo (Rua Polônia esquina com Bahia).
Foi assim que senti.
Então peguei emprestado de Lula Q. e Lenine.