quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Desacelerando

No olho do furacão, é assim que estou me sentindo nestes últimos dias.
Amanhã começo a desacelerar (espero!).
Vou para Brasília rever amigas muitíssimo queridas.
O natal passaremos em Pirenópolis, GO.
Na volta conto tudinho (talvez!).
Fui.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Que venha a vida !

Nunca estive tão viva, no real sentido de estar viva
Incertezas, dores, esperança
Vontade infinda de continuar vivendo,
dissecando, transpondo, evoluindo
Espectadora de mim
Espetáculo interessante
Ora drama, ora comédia, quiçá épico
Vontade de seguir essa aventura
Emoções...
Quais serão as próximas?
Que venham, estou pronta

A saga do ego contra a tempestade

Esse chip que sou eu, que guarda o que vivi, sinto e penso
Esse cofre onde me poupo, me economizo
Essa ostra onde me escondo
Esse ínfimo ante o tudo absoluto
Essa coisa mínima ante o mundo real
Mesmo nesse estado, pulsa, anseia por ar, resiste a se entregar, peleja
É consciente de si
Resiste, teima, insiste
Micróbio involuntário no universo
Só tem um rumo, curso, rota
Em frente.

domingo, 25 de novembro de 2007

Banzo

O terreiro era amplo, de terra batida.
Arborizado. Árvores grandes, sombra farta . Casinhas simples. Umas três ou quatro casas, dispostas de frente umas para as outras, como se conversassem, pátio comum. Algum tipo de construção de barro. Casas brancas meio descascadas.
Temperatura gostosa. Calor ameno com brisa suave.
Uma senhora de mais de sessenta anos conversa com uma moça mulata, enquanto fazem as lides do dia. A moça varre o terreiro com vassoura de ervas, roupas modestas e muito limpas. Cheiro de algodão bem passado. Ferro de brasas. Pessoas muito simples, rostos limpos, almas limpas, transparentes, felicidade nos rostos. Ambiente pobre e bom, segurança de família boa.
Vida simples, protegida por natureza generosa.
Nessa vidinha simples de quem planta e colhe, pesca e cozinha, celebra e dança, fui feliz algum dia.
Sinto falta de tempos que não vivi, pessoas que não conheci, lugares onde não estive. Apenas sei que era muito bom e que dá um grande banzo, saudade do que não sei o que é, que me fez muito bem...não entendo, apenas sinto...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Onde a vida faz a curva ?

Ontem eu era jovem, menina. Pensava em como seria a vida quando fosse dona do meu nariz , em pleno exercício da maturidade.
Pisquei os olhos e estou com 43 anos. O amanhã é hoje. Tão rápido, que nem deu para curtir a viagem.
Imaginava que ser adulta seria diferente, que seria tomada por súbita sabedoria. Que não faria besteiras.
Saberia sempre o caminho certo. Teria resposta para tudo.
Que ilusão.
O que mais tenho são dúvidas e, infelizmente, uma grande sensação de desperdício de tempo e vida mal vivida.
Aprendi algo que sequer supunha: - não existe plena maturidade.
Não sei em que momento a transição ocorreu.
Nem percebi onde a vida fez a curva.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Colo

Olhos vidrados
Cansaço extremo
Desconforto
Pensamentos descoordenados
Exaustão física e mental
Impossível desligar
Necessidade de proteção
Porto seguro
Esconderijo
Abrigo
Ninho
Amparo
Um certo colo moreno
Era tudo o que eu queria...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Absurdus Patéticus (*)

Amar a humanidade é fácil.
Difícil é amar as pessoas uma a uma.
Há que se ter paciência de .
Em bloco elas são lindas.
Constroem maravilhas.
Compõem obras-primas.
Individualmente...mais difícil que aprender física em libras.

(*) Não é latim? Tanto se me dá! Azedei.

Sem título, sem palavras...

Quando estamos nos sentindo muito sós e as pessoas de quem gostamos estão se divertindo, deixam de nos gostar?
Nesse exato momento em que se divertem, anulam nossa existência, esquecem que existimos?
Maluco? Totalmente.
Que melancolia me bateu (ou abateu).
Na verdade, esse estado de espírito vem crescendo desde ontem a noite.
O monstro vem fermentando desde então.
Sexta-feira é tiro certeiro (abateu mesmo!)
Minha namorada vai à Feira do Livro em Porto Alegre.
Minha amiga Lu vai ao cinema em Brasília.
O mundo todo deve estar indo a algum lugar se divertir.
Serei a única a ficar em casa, me achando a mais ínfima das criaturas.
Normal?
Certamente não deve ser.
Não quero avaliar, só quero expelir, fazer minha catarse.
Que emoção é essa que me acompanha faz tanto tempo?
Essa tristeza absurda, essa solidão feito prisão perpétua.
Parece que minha alegria tem horas contadas e quando vem, me assiste sozinha:
Lendo, ouvindo música ou vendo algum filme.
Seja como for, é com algo que posso fazer só.
Ainda bem que existe música, literatura e cinema.
Senão, como poderia agüentar?
Desde que me lembro, sempre fui meio solitária.
Por outro lado, nunca fui arredia a conhecer gente.
Sempre gostei de estar com outras pessoas, mas elas tinham hora certa para chegar e partir.
As pessoas não se demoram comigo.
Todos têm uma vida para onde voltar.
Eu nunca volto, porque nunca saio da minha.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Astronauta Lírico

Sons sinuosos
tics, plics, tacs gostosos
Fechar os olhos e me entregar
Corpo percorrendo as curvas do som
Perseguir o ritmo por impulso
Alma pulsando no corpo que dança
Discursar em vocalises
Alegria melódica
Impossível parar de ser feliz nesse momento
"Eu astronauta lírico em teeeeerra" (*)

(*) Vitor Ramil

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Minha Família

Alegria triste - maresia
Resistência e teimosia - calor
Introspecção e criação - geada
Anonimato e coragem - exuberância
Folguedos e fúria - cores

Quem são meus parentes?
Moram no Tocantins ou no Pará
Quem são essas gentes, tão afeitas a mim e tão distantes ?
Moram em Sergipe ou Maranhão
Cantam outras palavras
Pensam outras cantigas
Falam outros gestos

Quero ouvir seus causos
Sintonizar sua poesia, pela pele, olhos e ouvidos
Ser uma só e ser mil
Fragmentos de caleidoscópio
Formar belas figuras
Mudar, mudar e mudar...

"Viajei" na "Estética do Frio"


Ontem fui ao show do Vitor Ramil e Marcos Suzano.
Que coisa bem boa!
Primeiro porque fazia milênios que eu não saía de casa para fazer esse tipo de coisa.
Segundo, porque valeu a pena.
Adoro o Vitor. Pode ser tolo, pretensioso, mas é como se me sentisse representada pelo que ele compõe.
Ele diz através da arte o que somos, sentimos e vivemos aqui no sul do país. Não sei bem porque, mas parece que não há muito espaço para a gente daqui se expressar culturalmente, enquanto uma face a mais do Brasil.
Sem paranóia, mas parece que somos a parte bizarra do "país tropical", como se o extremo sul do país fosse uma espécie de Islândia (fria e distante, meio ficcional). Enfim...
Não falo isso com sentimentos persecutórios, porque adoro ser brasileira, apesar de todos tropeços, solavancos, quedas e o que mais for.
Já disse em post anterior que adoro a diversidade brasileira.
Confesso que me irritam profundamente uns papos separatistas que quando em vez surgem por aqui.
A Revolução Farroupilha (separatista) teve sua importância no momento histórico em que aconteceu, mas o momento é outro.
Não quero ser de outro país. Quero continuar sendo brasileira e gaúcha.
Caso acontecesse tal separatismo, acho que passaria para o lado de lá do mapa, muito triste, mas passaria.
Bem, já divaguei, me perdi (como de costume), mas o queria queria mesmo era falar do CD de Vitor Ramil e Marcos Suzano. Estou ouvindo neste momento, aliás, vai furar. Desde ontem não paro de ouvir.
A participação do Marcos deu outra batida, que não tinha ouvido em músicas do Vitor. As composições de Vítor somaram profundidade à batida de marcos. Experiência legal.
Bacana essa combinação de músicos de lugares diferentes e identificados com seus lugares de origem. O que sai disso é muito peculiar e universal, bacana mesmo.
Buenas, encomendei pela internet o livro Estética do Frio, de Vitor. É algo que sempre pensei...o que nos diferencia do restante do país?
Depois de ler, comento aqui, com certeza devo viajar nessa leitura.

Viajei - Vitor Ramil (fragmentos)

Viajei
Ligado num segundo
No seguinte, desliguei
Do que eu ia dizer

Divaguei
Devagarinho, evoluindo
Num carinho teu
Perdido a me perder
...
Já não sei
Do tanto que eu diria
O quanto que me dispersei
Não quero nem pensar
...
Mar adentro, noite afora
Agora, amor
É hora de ficar
Nessa vida à toa
Sem sentido a proa

As ondas de carinho
Levaram as palavras
Mas eu sigo indo
As ondas são caminhos

Viajei, viajei
Viajei, Viajei

domingo, 21 de outubro de 2007

Relicário para Luna

"É uma índia com colar.
A tarde linda que não quer se por .
Dançam as ilhas sobre o mar.
Sua cartilha tem o A de que cor?
O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário
E ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou
O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário desse imenso amor"
Relicário - Nando Reis

É uma índia jovem, linda, forte
Muito forte, cheia de fibra e momentos de vacilo
De humana fragilidade
Sabe se fazer querer bem
Penso nela agora
Na cor morena
No rosto grande
No sorriso jovem e lindo
No perfume peculiar
No afeto antigo que nutrimos
Na fidelidade quase canina
Essa pequena grande índia abraça como urso
Ou seria como uma onça, para ser fiel a sua brasilidade?
Nesse abraço aprisiona o carinho da gente
Essa índia-mulher-menina
Essa menina-mulher-índia
Foi do Amazonas viver no Planalto Central
Fui dos pampas passear no planalto
E por lá nos encontramos anos atrás
Fui garimpar essa amiga
Que quero que permaneça por muito na minha vida
Nos desentendemos vez ou outra
Ambas somos ...difíceis
Será esse o termo?
Acho que estou sendo indulgente conosco
Somos mesmo bravas e turronas
Depois de anos, ela veio pela primeira vez a minha casa
Compartilhei minha família estranha
Minha vida maluca
Apresentei a ela minha amada
O tempo voou
Não pude mimá-la tanto quanto queria e ela merecia
Restou saudade e a certeza de que sem pessoas como ela
A vida fica sem graça, sem tempero
Lu querida, volte sempre e sempre.

Rascunhei esse post dia 15/10/07.
Duas coisas me fizeram publicá-lo agora:
- a conversa online que tive com Lu hoje pela manhã.
- a certeza de que amizades, como forma de amor que são, merecem ser vividas em paz, protegidas, alvo de todo zelo. Se possível, compartilhadas, qual "vírus do bem".
Viagens à parte, pela hora (24:10h), pelo sono, pelo estado de espírito, "Amizade Já !

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ana Rosa II

Voltei na tentativa de deixar "preso" aqui meu afeto por ti.
Queria saber dizer coisas bonitas,
que registrassem, fotografassem o quanto te gosto.
O que posso dizer?
Meu corpo reage neste exato momento,
coração batendo grave, gravíssimo.
O rosto formigando.
Emoção somatizada.
Comunicação, comunicação, comunicação.
Amor se expressa além dos beijos, carinhos e carícias.
É preciso falar, falar e falar.
Se não falo, fico desconsertada.
Meus processos psicológicos são assim.
Preciso entender e depois esmiuçar.
O que sinto sobre nós, queria refletir contigo.
Vem ser minha partner, minha colega cientista maluca.
Vamos dissecar nossos corações, com amor.

domingo, 16 de setembro de 2007

Brasília/Contrapondo a Bolha da Paixão


estão muitos dos meus amores.
Que vontade de ir até lá o mais breve possível.
Desta vez, até que grana não seria o problema.
Precisaria resolver algumas coisas de infra por aqui.
Não vejo muita perspectiva disso.
É estranho não me sentir livre para ir e vir aos 43 anos.
Mas é a mais pura verdade.
Não sou livre.
Nunca soube estruturar minha liberdade.
Sempre tive medo de ser livre.
Desde que me lembro, sempre amarrei uma cordinha no meu pé e a outra ponta numa árvore do quintal.
Posso me movimentar, mas não muito longe da árvore.
Falsa idéia de liberdade de movimento.
Acho que não tenho coragem para pagar o preço que a liberdade exige.
Quebrar as correntes dói demais.
A covardia me impede e anestesia essa possível dor.
Assim vou levando, empurrando de banda e fingindo que não enxergo.
Mas quando enxergo mesmo, porque está na minha cara, dá vontade de correr para o colo de meus amigos.
Alguns estão cansados de saber da minha covardia e ainda assim me amam.
Preciso do porto seguro do afeto deles.
Creio que em Brasília tenho um porto seguro, um deles.
Sou uma mulher feliz por me fazer amar por amigos tão lindos.
Ai, que saudade de vocês todas .

Dias cinzentos

Dias de paranóia
Tudo cinza
Até o corpo enjoa
A cabeça estourando
Estômago embrulhado
Sono tumultuado
Transpiração anormal
Meu Deus, como a cabeça é poderosa!
Ela pode desorganizar tudo que estava bem
Que vontade de respirar fundo e me sentir aliviada
Coisas não ditas são tóxicas
Profilaxia: papo sincero, porém cuidadoso
Em dose única, de preferência
Tomara que este final de semana termine logo
Acredite se puder: que vontade de trabalhar!
Preciso ocupar minha cabeça com algo que não diga respeito apenas a mim.
Depois de muito tempo, falei ao telefone com minha amiga Clau
Conversa rápida, mas produtiva
Brinco dizendo que ela é meu grilo falante, minha consciência auxiliar
Como diriam os paulistas: então?!
Quando me apaixono, esqueço de mim
E isso é a coisa mais burra que poderia fazer
Porque abdico da minha vida
Fico excessivamente na expectativa do relacionamento
É preciso respirar e deixar respirar
Tenho meu trabalho, família
Tenho uma alma para alimentar, com meus amigos e culturalmente também
A razão sabe, só falta a emoção assimilar
Há que ser feito
Tenho dito !!

sábado, 15 de setembro de 2007

Ana Rosa

Menina aos 40
Nuca exposta
Cabelo negro
Alguns brancos aqui e acolá
Pequena, de costas para mim
Deitada feito um ponto de interrogação
O Próprio corpo perguntando:
-me amas, me amas ?
Ah, como ela quer ser amada!

Se pudesse, guardaria meu amor em minhas entranhas
Protegeria com meu corpo
Ampararia, abrigaria
Ela assim, amada por todos os lados
Envolta em mim

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A bolha da paixão

Ando pensando nesse estado de espírito meio anestesiado para o mundo, que aparece quando se está apaixonado.
É tão estranho.
Parece que estou numa bolha.
Nela está tudo o que preciso e só entra o que for relativo à paixão.
Penso em todos a quem estou deixando de dar atenção como antes, sinto certa culpa.
Isso não quer dizer que não sinta afeto como antes pelos meus amigos.
Muito pelo contrário, o amor é o mesmo.
Na verdade, acho que estou hipnotizada, só pensando nela, em estar com ela.
Todo tempo disponível gasto com ela.
Alguns amigos reclamam meu sumiço e os entendo, mas não consigo agir de outra forma.
Parece que neste momento preciso dela mais do que todos, mais do que tudo.
Que sentimento é esse, é bom, é ruim?
Sei que é diferente e gosto dele.
Bem, amigos meus, estou bem e isso deve fazê-los felizes.
Torçam por mim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Será monólogo mesmo?

Faz dias que não venho aqui
Como sempre, acho que não tenho o que dizer.
Por outro lado, ando sentido falta de alguém, que não sei quem é e que só encontraria aqui
Como se não vindo aqui, perdesse o contato
Maluco? completamente
Vou tentar clarear essa bagunça
Creio que seria alguém com quem dialogo aqui, apesar de ser um monólogo
Será isto monólogo ou um diálogo narcisista comigo mesma?
Nem sei quem vem aqui e quando vem
Mas sinto falta desse alguém possível
Acho que não vir aqui é uma fuga de mim
Vir aqui é um exercício de me ver
Nem sempre estou com a necessária energia para me enxergar
Ando meio incolor e transparente
Difícil de visualizar

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Dois bichos gente

Duas pessoas
Pessoas absolutamente diferentes
Fisicamente diferentes
Duas biologias diferentes
Cores, tamanhos, texturas diferentes
Dois bichos gente
Apenas iguais no gênero
Uma pequena, outra grande
Uma clara, outra morena
Cabelo fino e pouco
Cabelo escuro e abundante
Mãos diferentes que se reconhecem
Toda diferença se dilui
Só olhos nos olhos
Conversa de olhos
Viajar pelos olhos uma da outra
A melhor das viagens, mergulhar no olhar de alguém
Que deleite a paisagem
Dois pares de olhos apenas
Nada mais importa
Emoção, emoção, emoção...

A vida pequena e a poesia

Acabei de ouvir (duzentas vezes),
CD Noites de Gala, Samba de Rua - Mônica Salmaso:
...
"A casa está bonita
A dona está demais
A última visita
Quanto tempo faz

Balançam os cabides
Lustres se acenderão
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração

Será que o amor se sente em casa
Vai sentar no chão
Será que vai deixar cair
A brasa no tapete coração

Quando aumentar a fita
As línguas vão falar
Que a a dona tem visita
E nunca vai casar

Se enroscam persianas
Louças se partirão
O amor está tocando
O suburbano coração

Será que o amor não tem programa
Ou ama com paixão
Mulher virando no sofá
Sofá virando cama coração

O amor já vai embora
Ou perde a condução
Será que não repara a desarrumação
Que tanta cerimônia
Se a dona já não tem
Vergonha do seu coração"
(Chico Buarque/1984)

Impossível não ouvir toda arrepiada
Com o coração pulsando nas mãos, nos olhos, nas lágrimas
Que coisa mais linda!!!!!!!!!!!!!
Literalmente de chorar de lindo, de sensível, de poético, ..... de real, de possível
Que bom que existem os poetas
Humilde ou pretensioamente consigo me ver aí
A vida pequena e comum (minha vida) pode ser cheia de poesia
Minha vida aprendendo a amar, me entregar, sem vergonha, sem cerimônia
"mulher virando no sofá, sofá virando cama coração...", a divina transcedência...




quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O pensamento voa.

Hoje não fui trabalhar, enforquei a manhã.
Claro que terei de compensar outro dia.
Não foi por motivo fútil, foi por indisposição estomacal.
Ando até numa fase bem "caxias" no trabalho.
Passeei pela internet, chequei meu correio eletrônico.
Coisas que raramente faço pela manhã.
Li e-mails com aquelas coisas "altruístas" de sempre.
Nada contra, melhor altruísmo que agressividade ou outros negativismos.
Na verdade, acho que fiquei preguiçosa para lê-los.
Talvez por pura pretensão, achando que já sou "boa" o suficiente.
Na verdade, talvez a forma é que não me sensibilize.
Prefiro aprender a "ser boa" através de outros veículos, música, por exemplo.
Por falar nisso, encomendei alguns CDs da gravadora Biscoito Fino.
Recomendo para quem gosta de música de qualidade, sobretudo a brasileira.
Lá encontra-se a fina flor da MPB.
A que não é fácil encontrar em qualquer loja, porque não é meramente comercial.
Ao menos não é fácil encontrar onde vivo, no sul do Rio Grande do Sul.
Estou quase caindo do mapa.
Mais perto do Uruguai que da maior parte do Brasil.
Acho que faço a borda do Brasil, o arremate da costura, mas ainda assim, fazendo parte do traje.
Nem um pouco menos brasileira.
Apenas brasileira com influências cucaracias, o que gosto muito.
Adoro minha latinidade.
Um pensamento puxa outro.
Lembrei da música de Lupicínio (Rodrigues):
"O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar".
Lembrei dos acontecimentos recentes no país, o PAN do Rio e o desastre aéreo.
Quando algum brasileiro ganhava alguma medalha, a torcida cantava: "sou brasileiro com muito orgulho".
Um familiar de alguém que morreu no acidente aéreo fez referência a essa frase numa entrevista, dizia "sou brasileira sem muito orgulho".
Compreensível toda a dor dessa pessoa. Totalmente compreensível.
Mas fiquei pensando em algo que sempre acreditei.
O país não é essa legião de pessoas mal intencionadas, corruptas, desrespeitosas conosco.
O país somos justamente nós, do Oiapoque ao Chuí, que ralamos, brincamos, amamos, pisamos na bola, construímos nossa cultura.
Apesar da bandalheira oficial, sou brasileira com muito orgulho sim.
Não sou o que eles são.
Acho que há que ser travada uma luta para reavermos nosso país para nós (redundância proposital).
Isso sim !!
O que é um país?
- Área física. A nossa é maravilhosa.
- População e suas manifestações culturais. A nossa é variadíssima, influências do mundo todo. Fomos "construídos" por gente de todas as partes do mundo.
Acho que por isso é tão bom. Somos a mistura de tudo, do bom e do ruim.
Lembrei de outra coisa. Quando estrangeiros criticam nossas mazelas, nossos deslizes, deveriam enxergar-se nisso, já que a presença dos países de tantos deles está em nossa formação.
Acredito que não exista nada melhor que a diversidade e saber conviver com ela , com respeito.
Ihhhhhhhhhhh, baixou um santo ufanista.
Nem era isso que queria falar, mas o velho Lupi tinha razão, a gente voa quando começa a pensar.
Será que vou lembrar o que vim aqui dizer e não disse?
Se lembrar, volto a postar.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Inspiração X Stress

Geralmente tento postar quando estou "inspirada", com a cabeça cheia de idéias.
Hoje resolvi ver o que sai quando a situação é exatamente inversa.
Estou cansada.
Doida pra ficar quietinha no meu canto.
Fiz outra maratona maluca: ir a Porto Alegre, passar menos de um dia com a Siciliana.
Na verdade, almoçamos, passamos a tarde e a noite juntas. Voltei para casa bem cedinho, três horas de viagem de ônibus.
Pois bem, cheguei em casa correndo, almocei e fui trabalhar.
No trabalho, muita correria e eu cansada pela noite anterior mal dormida e pela agitação, fora da minha rotina.
As vezes volto para a velha tecla, pensar que tem dias assim mesmo.
Dias de vazio interior, onde só resta ser funcional, operacional.
No caso, vazio por stress físico mesmo.
Acho que não tenho talento suficiente para escrever coisas que valham a pena em momentos assim.
Realmente, devo retornar aqui quanto tiver algo significativo a dizer.
No mais, algum tédio.
Está bem, poderiam me perguntar se ter passado alguns momentos com ela não me inspirara.
Claro que sim, mas não quero me repetir ou ficar dissecando nossa intimidade em demasia.
Posso dizer que foi muito bom e sempre que puder, farei outras maratonas assim.
Ela é linda e a vida é bela !!!!
Talvez a idade é que esteja pesando.
Rir de si mesmo é um grande barato.
Reconhecer limitações e não perder o senso crítico.
Ai, estou cansada, meu mal é sono.
Logo logo estarei na minha forma de novo.
Tchau e bênção!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Musical

Gente..., como estou musical (rindo muito de mim) !!!!!!!!!!!!!

Crescendo com música

Quando era adolescente, o que mais eu fazia era ouvir música.
Músicas que naquela época a maioria dos adolescentes não ouviam.
Minha turma de amigos dessa época era diferente das demais.
Na verdade, éramos maravilhosos (modestos também).
Tóia e Kátia, por favor comentem confirmando isso. Ei, viva o senso de humor !!
Gostávamos de boa música e de ler.
Nos interessávamos por política, o que era diferente dessa bandalheira de hoje.
Éramos todos meninos nascidos durante a ditadura militar.
Alguns tinham irmãos mais velhos já na universidade.
Desses, herdamos o bom gosto musical.
Com Milton, Tom, Chico, Caetano, Elis, Nana, Dorival e Dory Caymmi, João Bosco, Edu Lobo, Francis Hime e tantos outros, fomos nos educando politicamente e lapidando nossa sensibilidade. Era tempo de ser feliz e crescer, por dentro e por fora, protegidos por nossas famílias classe média.
A visão da vida e do futuro era tão....poética.
Dia desses fiquei olhando para a quantidade enorme de LPs desse tempo que ainda guardo.
Não pretendo me desfazer deles.
Naquela época, a grana era muito curta.
Comprar um disco era uma conquista e tanto.
Literalmente contando moedas.
Lembro de quando comprei "Cinema Transcendental" de Caetano.
Fui para casa na maior ansiedade para ouvi-lo.
Ouvi num pequeno e muito simples toca-discos no meu quarto.
Gostava de ouvir sozinha, deitada e de olhos fechados.
Totalmente sintonizada na música.
E ouvia repetidas vezes.
Ouvia muito uma música que adorava, com o MPB4, do Garoto e do Chico Buarque: "Duas contas".
Eu a ouvia sem parar, música das antigas, das muito boas.
Que viagens eu fazia apenas ouvindo música.
Não bastasse eu ser careta desde aquela época, não precisava de outra química que não minha própria adrenalina, para deixar fluir as mais deliciosas sensações que a música me proporcionava.
Nessa audições adolescentes, totalmente inspirada eu acreditava realmente que o mundo poderia ser mudado, pretensiosa e ingênua.
Até hoje, duas coisas me incentivam a tomar decisões: -música e raiva.
Parece doido, mas é assim mesmo.
É tudo adrenalina.
Comecei a divagar e até esqueci porque comecei essa conversa toda...
A vida me levou por rumos áridos.
Fui trabalhar num ambiente burocrático e autoritário, muito chato.
Comecei a não ter tempo para música e para sonhar com mudanças no mundo, nem mesmo meu próprio mundinho.
A vida tornou-se mecânica, funcional demais.
Quando recentemente conheci "Siciliana" (até ela já está se acostumando a ser chamada assim),
nossas primeiras conversas eram sempre sobre música.
Através dela conheci bandas latinas contemporâneas.
E eu queria muito que ela ouvisse Mônica Salmaso.
Ainda não consegui, mas hei de vencer !!
Ela está aos poucos me devolvendo esse prazer:
- Degustar música e nutrir meu universo interior.
Estranho..., não sei se de fato ela consegue ver quem eu sou e o quanto minha alma é povoada. Aliás, acho que pouquíssima gente sabe. Não sou de entrega fácil e não estou enaltecendo isso, apenas reconhecendo.
Tomara que seja apenas questão de tempo, de ajustar a comunicação, afinar o instrumento, ao som de muita música boa que possamos compartilhar.
Até alguns minutos atrás estava salvando no computador meus CDs prediletos e ouvindo Rosa Passos. Alguns CDs que quero gravar para ela.
As vezes vejo nela um pouco de mim adolescente, cuidadosa com seus CDs, como verdadeiras relíquias.
Que bem essa menina está me fazendo.
Estou resgatando a mim, para mim e quem sabe, para quem mais pintar.

Depois do Beijo


"Quantos livros eu preciso ler
pra ficar à sua altura
Que poema tenho que trazer de cor
Pra ser música em seus ouvidos
Pouco importa o fato de não ter futuro
De não sermos iguais
Que me custa se depois do beijo vem o abismo

Quantos drinks ainda tenho que tomar
Pra ficar normal
Quantos filmes eu necessito ver
Pra reinar no império dos seus sentidos
Me incomoda o fato de não ter passado
Pelo seu caminho
Que me custa se depois do beijo vem o abismo"
(Lenine e Lula Queiroga)

Quando li a letra dessa música...ela me pareceu ter endereço certo (Rua Polônia esquina com Bahia).
Foi assim que senti.
Então peguei emprestado de Lula Q. e Lenine.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Ah, os fãs...



Não aguentei.
Aí vai o comentário que deixei no blog da Joyce, que chama-se "Outras Bossas".
Leiam, leiam e leiam-na. Claro que ela escreve muito bem !!
No post em questão, ela fala em show que assistiu, do Chico Buarque.
Nele uma fã extrapolou, gritava coisas como "tesão, gostoso".
Ela comenta o quanto isso tira a concentração do artista, além de todo embaraço.
Enfim, fala da relação fã/artista, dentre outras coisas.
Esta fã comentou o que segue:

"-Amei esse post.Perceptível tua indignação, mas o senso de humor também.Impossível não visualizar a cena com o Chico e não rir, mil perdões.
Guria, como é bom te ler, além de te ouvir, o que eu já faço faz anos.
Pois é, vocês ídolos aí, nós fãs aqui.
Interessante essa coisa que nos despertam as pessoas que tanto admiramos.
Costumo dizer que meus ídolos "me educaram".
Cresci ouvindo a nata da MPB, nasci em 1964, com a ditadura.
Meus valores, minha consciência de mundo, de vida, foram construídas com a "pedagogia" de meus ídolos/mestres.
A todos eles sou grata por ser (ou buscar ser) um ser humano melhorzinho, não apenas turista na terra.
Ínfima minha contribuição para a humanidade, não importa.
Transcender minha limitante obscuridade com a arte que vocês compartilham conosco, me deixa muito feliz.
Reverências, mestra!"


Joyce

Fuçando na internet, descobri que a maravilhosíssima cantora Joyce tem um blog.
Claro que me atrevi a deixar um comentário, que após lido por ela, espero seja publicado.
Tão estranho e gostoso isso, saber que os meus ídolos estão de certa forma "perto".
Neste exato momento estou ouvindo o CD "Gafieira Moderna", que adoro.
Trilha sonora de Joyce para falar sobre Joyce.
Imaginem só, ela lendo meu recadinho...
Quando Siciliana cá esteve, apresentei esse CD a ela.
Também por bisbilhotice, dia desses descobri o orkut da poeta (creio que não se usa mais dizer poetisa) Elisa Lucinda.
Pois não é que essa gente toda existe de verdade?!
Sim, existe e usa o recurso democrático da internet, como qualquer um de nós, simples mortais.
Parêntese: democrático se desconsiderarmos o preço dos equipamentos, que nem todos podem ter.
Transcrevo aqui a letra de uma de suas lindas músicas:

QUATRO ELEMENTOS
(Joyce - Paulo César Pinheiro)

"-Letra de Paulinho César Pinheiro sobre as condições meteorológicas da alma, fechando essa nossa gafieira como se deve, com sopros e ritmos"

Tristeza é cinza, é fumaça
É pó que turva a vidraça
É só cantar que ela passa
Nem deixa marca no chão

Saudade não, essa mata
É corte que não se trata
De faca fina de prata
Cravada no coração

Paixão é golpe, é sangria
É furia de ventania
É sol que chega de dia
E à noite cruza o portão

Amor é mais, é magia
É de fincar moradia
E eternizar companhia
Na casa do coração.

Deve haver algum recurso, que não domino, de colocar som nas postagens.
Se soubesse como, queria compartilhar essa música com quem por aqui me visita.
Sugiro que quem tiver oportunidade, ouça Gafieira Moderna e todos os demais Cds dessa excelente compositora brasileira.
Mais uma coisa, é muito bom acessar coisas ditas e escritas por mulheres, fruto de contemplação e pensamentos de mulheres. É outra ótica. É muito bom !




Hoje


Hoje, 31 de julho de 2007, 10:49 horas.
Estou pensando em como fotografar o que ando pensando e sentindo, para colocar aqui.
Provavelmente não consiga inteiramente neste post.
Não quero qualquer coisa.
Queria ser absolutamente fiel aos meus pensamentos.
Então, vamos lá.Vou tentar.
Tive uma semana muito peculiar.
Não trabalhei, fiquei em casa com "minha" siciliana.
Ela estava em férias, assim como eu.
Veio de Porto Alegre para ficar alguns dias comigo, ao sul do sul.
Essa semana foi de sentir, vivenciar e pouco refletir.
Pois bem, nesta semana exercitei minha liberdade afetiva, assim meio sem pensar a respeito, deixar acontecer.
Também foi tempo de algo que resolvi chamar de "exercício de humanidade", de respeitar as diferenças, valorizar o que realmente importa.
Transcender tudo aquilo que a princípio poderia ser fator de afastamento, histórias de vida tão diferentes, valores...
Brincava dizendo que ela é tão "maluquete" e eu tão certinha.
Apesar disso tudo, foi tão bom estarmos juntas.
O mais difícil foi o exercício de não fazer planos, segurar a expectativa e a ansiedade.
Como é difícil viver um dia de cada vez.
Se eu aprender essa lição, me formarei com louvor.
Enquanto há vida, há esperança, vou crescer.
Aos poucos irei afrouxando a sensibilidade e recomeçando a postar.
(texto em azul, a cor que ela mais gosta, ai ai.../Foto de Agrigento, na Sicília)
Em tempo: Ela lê o que escrevo e critica, a danada é exigente!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Ainda sobre postar

Mais gente anda me cutucando sobre a falta de novos posts.
Até a siciliana:
"Por que tu não escreves mais no blog?"
Respondi que não ando inspirada, que não queria pensar.
Veio uma provocação:
"Mas não és uma mulher que gosta de pensar, isso não é inclusive o nome do blog?".
Essa eu não merecia.
Pois bem, acho que os próximos posts serão mais explicações do que reflexões.
Começarei a "me achar", já que estão reivindicando tanto que eu escreva.
Preciso contar algo.
Tenho um tipo esquisito de insônia.
Geralmente chego exausta do trabalho.
Cansaço mental mesmo.
Durmo cedo.
Mas é comum perder o sono de repente, no meio da madrugada.
Fico acordadíssima, deitada no escuro e pensando, pensando, pensando.
Geralmente vêm posts inteirinhos.
Moro no sul do sul e o frio anda terrível.
Dificilmente ando levantando para escrever, aprisionar esses posts antes que fujam.
Depois de alguma cochilada, acordo ainda mais cansada e os posts.....fugiram mesmo!!
Outras coisas me inspiram a pensar, música, com certeza.
Um CD bom de alguém que curto muito.
Não ando tendo tempo de ouvir música, exceto no trabalho.
Lá ouço as coisas mais doidas que foram salvas no computador pelos estagiários.
A idade deles gira em torno dos vinte anos.
Então dá pra imaginar o que ouço.
Eles são vários e tem várias "facções musicais".
Facções mesmo, porque uns odeiam o que outros gostam e dá aquela briga.
Ouço de pagode a rock, passando por sertanejo e outras breguices.
Ah, também tem uma evangélica que gosta de gospel nacional.
Fizemos um acordo, cada um salva seus CDs e depois tocam em seleção aleatória.
Democracia musical.
Lá pelas tantas, tocam algumas das minhas: Mônica Salmaso, Secos e Molhados, Beatles, Chico...
As caras que eles fazem é de morrer de rir.
Enfim, música como inspiração também não anda ajudando.
O que mais me inspira? Vamos ver...coisas que me comovem ou irritam.
Até isso não tem ocorrido.
Seja como for, tem sido interessante ser cobrada pelos meus amigos a escrever.
Só continuo sem saber se é porque gostam ou por pura educação.
Chega de explicação, são seis da manhã.
Saí da cama e quero deitar mais um pouquinho, fazer um preguicinha antes de começar a correria.
Tudo de novo.


terça-feira, 17 de julho de 2007

Atendendo a inúmeros pedidos

Well, well, well....
Atendendo a inúmeros pedidos, na verdade uns três (risos), de minhas amigas Luna, Tati e Mônica, cá estou.
Quando comecei a escrever aqui, estava com a alma transbordando.
Cheia de coisas represadas a dizer.
Havia conhecido uma guria na net.
Estava totalmente caída por ela.
A criatura só fazia falar de umas e outras a quem ela havia conhecido recentemente.
Isso me deixava doida.
Claramente ela buscava um novo relacionamento.
Queria que a vida a brindasse com alguém especial.
Na verdade ela "buscava" ser "surpreendida" pela vida.
Como se isso fosse possível.
Na verdade, ela dava uma tremenda força ao destino.
A moça fazia por onde e eu não apreciava todo aquele esforço dela, porque não era por mim.
Nem sabia ela que eu a queria.
Achava que merecia ao menos a oportunidade de conhecê-la e mostrar quem sou (ou quem penso que sou)
E não tinha coragem de falar de meu interesse.
Bem, eu estava transbordando e não encontrava espaço para dizer:
"Ei, olha pra mim, estou aqui. Quer me conhecer?"
Foi mais ou menos nessa época que surgiu a "coragem" de criar este blog.
Pois bem, conheci a moça e acabamos "ficando", como contei em posts anteriores.
O que comecei a dizer a ela por aqui, terminou sendo dito pessoalmente.
Ainda há muito a dizer, mas de pertinho e olho no olho é mais gostoso.
Onde quero chegar com essa conversa toda?
Estou numa fase mais tranquila, dando tempo ao tempo.
Não sei o que vai acontecer entre a moça siciliana e eu.
Não sei mesmo, mas espero que nos conheçamos cada vez mais.
Que existam afinidades que valham a pena ser compartilhadas.
Claro que não criei o blog para isso.
Já falei antes que ele é um "espaço terapêutico", meu lugar de catarse.
Assim será.
Mas haverão alguns momentos de entre-safra de pensamentos.
Acho que esses momentos, de certo vazio na alma e na cabeça são um mecanismo de defesa.
Algo como o suor que refresca a pele.
Esses vazios momentâneos aliviam as pressões emocionais.
Não quero sofrer demasiado se mais essa tentativa afetiva não der certo.
Mas essas coisas não se planejam.
Então deixo acontecer, com o mínimo de expectativas possível.
Também estou mais dedicada ao meu trabalho e isso me tem feito muito bem.
O trabalho, ah o trabalho!
Isso dá muitos posts.
Deixo para outro momento.
Tati, Lu e Mo, pronto, postei !!!!!!!!!!!!!!
Abraços bem gostosos e demorados em todas vocês.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Tempo de Espera

Estava aqui pensando em postar algo.
Lembrei de minha amiga Tati, que agora diz ser minha leitora assídua e reivindicou novos posts (muitos risos).
Que saudade daquele bicho querido, minha pixabinha.
Fiquei pensando na óbvia situação de que nem sempre há fatos concretos novos a "dissecar".
Na verdade, está tudo tranquilo, perspectiva de paz (não sei por quanto tempo).
Quando o coração está quentinho de afeto, tudo corre bem.
Estou num "tempo de espera" de algo bom, de me sentir bem.
Definitivamente estou qual criança esperando o começo das férias de inverno, que serão já já.
É assim que me sinto, querendo ser feliz.
Por favor, sem perguntas sobre o que seja "ser feliz".
Está bom demais assim, um dia de cada vez.
Quero ser feliz hoje, dia 04 de julho de 2007.
Abraços "felizes" aos meus amigos todos.

sábado, 30 de junho de 2007

Preguiça bem boa II

Prometi que contaria como foi a viagem a Porto Alegre, então aí vai.
Cheguei febril, cansada e com dor no corpo. Cabeça pesada.
Tudo me dizia que não deveria ter ido, mas fui.
Tive uma semana difícil, problemas com a saúde.
Minha médica incentivou a fazer a viagem, fazer algo diferente, que desse prazer, aliviasse as preocupações.
Mas que foi loucura, foi.
Não agüentava tanto desânimo, aquela sensação de fadiga no corpo todo.
Isso não é estado de espírito e físico para se conhecer alguém, para um primeiro encontro.
Cheguei cedo. Tinha algumas horas até ela sair do trabalho e ir para casa me esperar.
Fui gastar tempo num shopping, comprei uma calça jeans. Mas só pensava em me deitar em qualquer canto, num cobertorzinho, um travesseirinho macio. Nada me chamava atenção.
Além disso, estava super ansiosa, é claro.
Mandei mensagem no celular, perguntado se ela queria que levasse algo. Pediu laranjas. Achei tão lindo. Como sou boba.
Na maior empolgação comprei quase uma salada de frutas inteira: laranjas, bergamotas, kiwi, maçãs e bananas.
Passeando pela seção de frutas e legumes, deu uma enorme vontade de tomar uma sopinha. Ser mimada. Como a moça já me havia advertido que era péssima na cozinha, pensei em levar aqueles pacotinhos em que todos os legumes são pré descascados e picados. Peguei um, mais frango em pedaços e uns pãezinhos.
Tudo comprado, peguei um táxi e fui para a casa dela.
Fui recebida na porta do prédio. Ela sorriu e ajudou com as sacolas.
Conversamos um pouco, me senti muito bem, apesar do previsto constrangimento inicial.
Ela mostrou o apartamento. Típico dela, totalmente em "ebulição". Arrumação não é a praia dela. Muitos livros.
Uma gatinha arisca de pêlo de várias cores.
Ela e eu fazemos aniversário no mesmo dia, ambas aquarianas. Mas cá entre nós, ela é mil vezes mais aquariana do que eu.
Passei a me achar tão certinha. Está bem, eu sou certinha !!! Mas ficou ainda mais evidente, pronto.
Pensei na minha casinha, arrumadinha, tipo casa dos três ursinhos da estorinha infantil.
A dela, bem diferente e adorei estar ali.
Queria muito um abraço que não acontecia. Demorou a sair.
Tudo transcorreu divertido. Comuniquei que ela me faria uma sopinha, que deveria cuidar de mim, mimar muito. Minha insistência em viajar doente merecia.
Fiquei preocupada em passar a gripe para ela. Avisei antes de comprar a passagem. Avisei durante a viagem e já na casa dela. A guria é valente, guapa mesmo!
Quis minha visita apesar de todo vírus.
Claro que nada é perfeito, minha "fantasia" de ter uma "namorada" que cozinhe bem....nada feito.
A moça não sabia nem fazer uma sopinha pré pronta. Tive que ensinar, mas ela a fez com o maior carinho.
Enquanto a sopa cozinhava, fizemos preguiça "bem boa" na sala, conversando e ouvindo CDs. Nossos gosto musical (refinado!) combina muito. Aliás, nossos primeiros papos sempre foram sobre música.
Ainda quando só conversávamos na internet, ela me apresentou umas bandas latinas contemporâneas . Som com uma batida muito gostosa.
Fiz uma seleção de músicas com Mônica Salmaso, cantora paulista que adoro. Gravei para ela, que nem prestou atenção. Ficou pegando no meu pé o tempo todo, dizendo que era chato.
A danada prometeu ouvir depois, sozinha, com calma, prestando atenção.
Também gosto da primeira audição de músicas novas assim, sozinha, concentrada.
Ai que ela não goste !
Sopinha tomada, até que ficou gostosa, troca de histórias de família. Olhamos fotos antigas.
A moça é de origem siciliana, mais precisamente o avô materno.
Morena, olhos escuros, pequenina. O tipo físico que cabe direitinho no colo. Estilo alternativo, meio underground. Riu quando eu disse isso.
Nos percebi tão parecidas e tão diferentes. O bom é que isso não tinha a menor importância.
Viver aquele momento gostoso e ponto.
Mais? Ah, isso já é outro papo.

SONRISA II

Estou exausta.
Sono, gripe forte e frio.
Uma noite mal dormida.
Acabo de chegar de Porto Alegre.
Fiz uma maratona louquíssima.
Fui para passar uma noite e voltar de manhã. Tudo isso com uma gripe terrível.
Profecia cumprida: a moça realmente tem um belíssimo sorriso e fiquei olhando para ele com cara de boba.
Ela também sorri com lindos olhos escuros, sicilianos.
Felizmente profecia cumprida em parte, porque boca e bico se aproximaram.
Boca que foi para o meu bico.
Os olhares se cruzaram por muito tempo, não houve embaraço, mas muitas coisas foram ditas naqueles olhares.
Olhos que foram para meus olhos.
Nesses momentos, realmente palavras não fizeram falta.
Confesso que não sofri de covardia paralisante e nem ela foi tão determinada, nos encontramos na metade da ponte.
Mãos que foram para o meu corpo.
Agora vou tentar dormir, lembrar e pensar nela.
Depois conto mais.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Mulheres


Escrevi para algumas amigas contando que comecei a postar num blog.
Algumas delas estiveram aqui e até deixaram comentários. Só não sei se por educação ou por afeto (rindo muito).
Uma amiga de muito tempo, desde a adolescência, respondeu que admirava minha coragem de compartilhar meu escritos.
Fiquei pensando no que ela disse. Não sei se se referiu ao fato de que até este momento aqui estava dito, senão com todas as letras, ao menos com muitas delas, sobre minha natureza feminina amar outras mulheres. Não sei se foi nisso que ela viu um ato de coragem. Ou se foi mesmo no fato de mostrar o que escrevo.
Bem..., na verdade não tenho pretensão de fazer literatura. Adoraria ter lastro para isso, mas não é para mim.
O que me fez começar a postar aqui é a necessidade de não deixar meus pensamentos diluírem.
Mais do que tudo isso, estava transbordando.
Falar o que penso e sinto passou a ser uma necessidade de saúde mental. Isto aqui está virando quase um ato terapêutico.
Faz poucos dias que falei com outra amiga, mais recente, não menos querida, que disse escrever contos. Prometeu que algum dia mandará para eu ler. Pelo que entendi, tais contos são muito guardados. Como ela é uma pessoa que considero culta, inteligente, sensível e já trabalha na área das letras, deve escrever bem. Acho que agora inflei de todo a bola dela.
Queria questionar isso, esse medo que todos temos da crítica. Será isso, será timidez?
Talvez por medo de ser criticada, fiquei tanto tempo presa, pensando sozinha e pensando muita besteira sobre mim. E o pior de tudo, me reprimindo, amordaçando, me tratando mal. Não falo apenas no ato de não me permitir escrever, mas principlamente não me permitir amar do jeito que amo. Isso é algo que só diz respeito a mim e a quem estiver comigo. Não tenho obrigação de divulgar nem de esconder, a escolha é minha. Passei a maior parte da vida escondendo de mim, com medo dos outros. Desses não posso esperar aceitação, entendimento, já que são tantos anos de (pré)conceitos estratificados quanto a como os outros devem amar e deixar de amar.Também serão muitíssimos outros anos para mudar. Já começou, mas é lento.
Buscar respeito começa por mim e em mim.
Vejo agora que minha amiga citada no começo tinha certa razão, dentro do meu mundinho, precisei coragem sim.
Neste exato instante algo maravilhoso aconteceu. Enquanto escrevia, recebi e-mail de outra amiga, também da adolescência, da mesma turma dessa que mencionei. Agora ela mora em Barcelona e nossos contatos são escassos. Ah se eu pudesse transcrever o e-mail....não resisto a passar ao menos o espírito dele: "tantos anos fechada e agora virastes um livro aberto". Também brincou pedindo o telefone da minha terapeuta, pois o trabalho dela deve ser excelente. Gostou muito do que leu aqui. Quase morri de rir, inclusive com os olhos e com o coração, riso total.
Se neste momento não tenho uma namorada e que ainda cozinhe bem, ao menos minha vida está cheia de mulheres que amo. Desde muito tempo a presença delas, seja perto, seja muito longe, seja online, deixa minha alma quentinha e aconchegada. Obrigada a vocês todas.
Ah, mas se pintar uma paixão.............

domingo, 24 de junho de 2007

Preguiça bem boa...........

Sei que não é lá muito correto dizer "bem boa", mas é intencional.
Queria que fosse redundante mesmo.
Coisa boa é fazer preguiça e coisa triste (dramática!) é não poder.
Pois é, hoje está um belíssimo domingo de inverno. Frio e sol.
Perfeito para ficar em casa, se possível de pijama, comendo bergamota, ouvindo música.
Para ficar ainda melhor, uma namorada que cozinhasse bem e fizesse o almoço, seria divino. Deus é bom mas nem tanto. E se for, não foi comigo. Eu sei senhor, "não blasfemar". Não sei muito bem o que é blasfêmia, mas reclamar de não ter namorada e ainda uma que cozinhe bem, deve ser. Com agravante, inveja de quem tem!
Prosseguindo a lamúria dominical, domingo é dia de fazer diplomacia familiar. Fazer companhia para os parentes de outras cidades que por aqui estão em visita. Nada contra, pessoas ótimas. Mas meu bioritmo está pedindo recolhimento na minha ostra, no meu mundinho.
Parece um contra-senso, mas tomara que as horas corram, que esse maravilhoso domingo de inverno termine, para poder voltar para o meu cantinho e se possível encontrar online alguém que seja meu, alguém que seja do meu planeta e terminar o dia assim, "em casa".
Sinal dos tempos, está tudo doido mesmo.
Quem pensaria nisso não muitos anos atrás?

sábado, 23 de junho de 2007

Sábado 16 horas, chove chuva

Sábado, 23 de junho, 16 horas.
Meu coração está tão apertado que parece pulsar nos olhos.
Meu pai, por que faço isso comigo?
Por que em nome de uma emoção, maltrato meu corpo e minha saúde?
Minha cabeça parece que vai estourar.
A pressão deve estar alta.
Somatização total.
Por que ser tão burramente intensa, por algo tão bobo?
Ninguém é assim, devo ser a única.
Ninguém se coloca de bandeja pra nada.
Sempre fui assim, desde que me lembro.
Tão imatura.
Se chegar à velhice, o que é dificil com essa pressão arterial, continuarei imatura .
Uma velha gagá e imatura.
Consigo me ver num asilo, ridiculamente apaixonada por outra velhinha.
Por que essas coisas colam em mim?
Bem que poderiam sair com um banho !!!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Mirame

Vidro não é necessariamente espelho
Sou vidro que teu olhar atravessa sem se deter
Se vidro falasse, te diria em estilhaços:
"OLHA PARA MIM !!!!!!!!!!!!!!"

Idealização II



Sapatilha surrada
Muito trabalho para ser tão leve
Tão ágil
Dores nos pés
Choro...
Movimentos leves
Perfeitos
Após muito exercício
Caimbras


Por que insisitmos, nos apegamos à idéia do mágico, do encantado?
Por que a geometria indispensável?
Por que só há felicidade se tudo for belo, liso, claro, leve...
Que outros adjetivos posso usar em nome do ideal?
Adjetivos do concreto, do visual, do olfativo, do sensorial?
Ou isso é algo inquestionável, um dogma?
Ou há algo muito reacionário nisso que precisa ser revolucionado?
Ainda não sei, não sei mesmo



Idealização...




"procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira ela não tem
...
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
...
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
...
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem
Todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem"
(Ciranda da Bailarina - Edu Lobo e Chico Buarque)




terça-feira, 19 de junho de 2007

Sonrisa












Faz algum tempo que conheci uma mulher pela internet.
Eventualmente nos falamos, papos online.
Pelas fotos, linda.... Não no sentido clássico, aquela coisa perfeita e monótona. Nada disso. Algo de dissonante, de desalinho, lindamente imperfeita, embora ela não saiba disso.
Um sorrisão lindo, grande, muito grande.
Que vontade de ficar contemplando aquele sorriso, ficar rindo com cara de boba para aquela boca...!!!
Boca que não é pro meu bico. Bico e boca tão distantes, que pena. Ai meu Deus, que pena.
Depois de encerrar a conversa com ela hoje fiquei pensando:
Como ela é visceral, inteira na busca dos seus desejos, tão menina, tão pura e tão safada, no melhor dos melhores sentidos.
Sim, porque ser safada é o que pode haver de melhor em vitalidade.
Fiquei fantasiando estar diante daquele sorriso, talvez ela sorrisse também com os olhos. Aí sim, sorriso total.
Sabe aquela coisa de ser safada sem falar? Olhos que falam tanto, que pinta um certo embaraço, uma vergonha gostosa, um evitar de olhos, mas querendo olhar, porque são como ímã.
Nenhuma palavra faz falta. Encarar e fugir e tornar a encarar...
Olhos que não são para os meu olhos. Ai, meu Deus, que pena.
E se ela fosse safada o suficiente para tomar a iniciativa, como gosto?
Se ela viesse buscar sem pedir?
E se ela quisesse o mesmo que eu quero?
Mãos que não são para o meu corpo...
Ai, que medo paralisante, que covardia!
Coragem!
Ai ,que medo...
Coragem!
Que medo................