sábado, 26 de junho de 2010

Assistindo o tempo

Pensando...
Aos quase quarenta e sete anos, vinte anos atrás é ontem
Foi ontem que tive vinte e sete
Pensava que a vida de fato começava ali
Porque ali, finalmente era independente financeiramente
Já podia mandar em mim
Andar com meus pés, sem as bengalas da família
Duplamente grande engano
Bengalas que jamais se larga
Mandar em mim não seria garantia de felicidade
Enfim, vinte anos atrás o amanhã era um infinito de possibilidades
Hoje, exatamente hoje, pensar em vinte anos para frente é aproximar do fim
Sessenta e sete...
Por minhas características psíquicas, físicas e condições de vida, não faço o tipo que vai longe, apesar de longevidade até ser uma característica da minha família, principalmente a materna
Hoje, a lucidez assiste o decréscimo da energia
Solidão da alma neste momento
Vontade apenas da minha própria companhia
Amigos tão queridos no coração
Mas o momento é de recolhimento
É inverno severo na montanha
É preciso recolher lenha e ficar reclusa na cabana
Observar o fogo na lareira
Esperar o fim do inverno para ver o que acontece
Nesse retiro, coração baqueado
Tudo soma
A consciência de tudo, que sempre me foi fundamental, hoje me entristece
Quem sabe seria melhor não ter entendido?
E ainda o relógio que não para, não descansa
Contagem regressiva
Como viver esse momento?
tic tac, tic tac ...


Para Rosana, que disse gostar dos meus textos

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